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Putin condena "ato hostil" de Trump
Sanções à Rússia, pressão sobre a Índia e ofensiva na Venezuela: medidas coordenadas dos EUA visam minar a economia russa e desafiar seus aliados, elevando a tensão geopolítica global
Leste Europeu
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■   Bernardo Cahue, 23/10/2025

Em uma série de ações coordenadas, o governo do presidente Donald Trump intensificou significativamente a pressão sobre a Rússia e seus principais aliados, em uma estratégia que a própria administração descreveu como tendo colocado os Estados Unidos "no caminho da guerra". Esta ofensiva multifront combina sanções econômicas diretas, pressão diplomática sobre parceiros comerciais e uma escalada militar aberta na América Latina, tendo a Venezuela, maior parceiro russo na região, como alvo central.

Sanções ao petróleo russo disparam preços e abalam o mercado

Nesta quinta-feira (23), os preços do petróleo subiram 5% após os Estados Unidos imporem novas sanções à Rússia, mirando especificamente as gigantes estatais Rosneft e Lukoil. Os futuros do petróleo Brent atingiram US$ 65,53 por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) dos EUA avançou para US$ 61,49. Estas são as medidas mais severas já tomadas pela administração Trump contra a economia russa desde o início da guerra na Ucrânia e visam pressionar Moscou por um cessar-fogo imediato. O impacto imediato foi sentido nos mercados globais, com os contratos futuros subindo mais de US$ 2 por barril, alta reforçada também por uma queda inesperada nos estoques americanos.

Entretanto, o presidente Vladimir Putin se mantem otimista e confiante em impactos econômicos "irrisórios" à Rússia, e que o "ato hostil" dos Estados Unidos apenas afetará os preços do petróleo a curto prazo.

"Rússia e Arábia Saudita vendem mais petróleo do que consomem, ao contrário dos EUA. A contribuição da Rússia para o balanço energético global é muito significativa e substituir o petróleo russo no mercado levará tempo. Uma queda forte nessa oferta levará a aumento de preços."

Pressão sobre a Índia, parceiro-chave dos BRICS

Um dos objetivos declarados das sanções é afetar os compradores da China e, principalmente, da Índia, que se tornou o principal destino do petróleo russo com desconto. Refinarias indianas já sinalizaram que estão prontas para reduzir drasticamente as importações de petróleo russo para cumprir com as novas regras impostas por Washington. A Reliance Industries, principal compradora indiana, planeja reduzir ou mesmo interromper completamente essas importações, inclusive suspendendo as compras sob acordo de longo prazo com a Rosneft.

Esta mudança ocorre no momento em que a Índia enfrenta tarifas punitivas de 50% sobre suas exportações para os EUA — com metade dessas tarifas sendo uma retaliação direta às compras de petróleo russo. A questão do petróleo tem sido um ponto de atrito constante nas negociações por um acordo comercial entre os dois países, com os EUA condicionando qualquer avanço à "resolução" desta questão. Analistas avaliam que o impacto real das sanções no mercado global de petróleo dependerá em grande parte da reação final da Índia e da capacidade da Rússia de redirecionar suas exportações.

Ofensiva militar e operações secretas na Venezuela

Paralelamente à pressão económica, os EUA iniciaram uma significativa escalada militar contra a Venezuela, maior aliado da Rússia na América Latina. De acordo com o jornal "The Washington Post", o presidente Trump autorizou a CIA a tomar "ações agressivas" contra o governo de Nicolás Maduro, em um documento confidencial que, segundo fontes, autoriza medidas que podem levar à derrubada do regime. Esta autorização faz parte de uma ofensiva mais ampla que o governo Trump tem travado no mar do Caribe, com o argumento de combater o narcotráfico.

Trump formalizou esta campanha ao declarar que os EUA estão em um "conflito armado" formal com cartéis de drogas, classificando-os como organizações terroristas e designando suspeitos de tráfico como "combatentes ilegais". Esta decisão, comunicada ao Congresso, busca justificar legalmente ataques militares que já resultaram na morte de dezenas de pessoas em embarcações. Especialistas em direito internacional, no entanto, criticam severamente a medida, classificando-a como um "abuso" que ultrapassa importantes limites legais.

Em resposta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o país possui cerca de 5 mil mísseis terra-ar portáteis de fabricação russa, do modelo Igla-S, para enfrentar as forças estadunidenses posicionadas no mar do Caribe. Maduro declarou ainda que as Forças Armadas do país estão em "posição de mira" para qualquer possível ofensiva.

Uma estratégia coordenada de três frentes

As ações simultâneas dos EUA pintam um quadro de uma estratégia exterior abrangente e agressiva:

  • Frente Econômica: Sanções diretas ao coração da economia russa, seu setor de petróleo e gás.
  • Frente Diplomática: Pressão económica sobre parceiros comerciais da Rússia, como a Índia, para isolar ainda mais Moscou.
  • Frente Militar: Uma campanha militar e de inteligência contra um aliado estratégico russo na América Latina, a Venezuela.

Esta abordagem multifacetada representa uma escalada significativa na política externa norte-americana, com o governo Trump mobilizando ferramentas econômicas, diplomáticas e militares em um confronto direto com a influência global da Rússia. O sucesso ou fracasso desta estratégia terá profundas implicações para a ordem geopolítica global, a estabilidade dos mercados de energia e a dinâmica de alianças em todo o mundo.

Com informações de G1, Diário do Centro do Mundo, O Globo, Noticias UOL, Valor Econômico. ■