O governo de Marrocos aprovou um orçamento histórico de 140 bilhões de dirhams (cerca de 13 bilhões de euros) para os setores de educação e saúde em 2026, em um contexto marcado por fortes protestos sociais liderados pela Geração Z. O pacote, que representa um aumento de 19% em relação ao ano anterior, foi aprovado pelo Conselho de Ministros presidido pelo rei Mohamed VI no dia 19 de outubro.

A medida é uma resposta direta às mobilizações do movimento 'GENZ212', que desde 27 de setembro levou milhares de jovens às ruas de cidades como Rabat, Casablanca e Tânger para exigir reformas nos serviços públicos, maior justiça social e combate à corrupção. Os protestos, organizados principalmente através de redes sociais como Discord e TikTok, foram os maiores no país em duas décadas.

Além do montante financeiro, o plano prevê a criação de mais de 27.000 postos de trabalho nos dois setores. O orçamento será destinado a:

• Modernizar 90 hospitais e inaugurar novos centros hospitalares universitários em Agadir e El Aaiún (no Saara Ocidental).
• Completar as obras do complexo hospitalar Ibn Sina em Rabat e construir novos centros em cidades do interior.
• Generalizar o ensino pré-escolar e fortalecer os mecanismos de apoio escolar na educação pública.

O anúncio ocorre em um ambiente de tensão social. Os protestos, que deixaram três mortos e centenas de detidos, foram motivados por insatisfações profundas, incluindo a morte de oito mulheres em um hospital de Agadir e a percepção de que recursos estavam sendo desviados para grandes projetos, como os estádios para a Copa do Mundo de 2030. A justiça marroquina já condenou alguns manifestantes a penas de até 15 anos de prisão.

Paralelamente ao orçamento, o Conselho de Ministros aprovou projetos de lei para incentivar a participação política juvenil, simplificando as condições de candidatura para menores de 35 anos e reforçando a representação feminina no Parlamento.

Com informações de: Swissinfo, Marruecom, El País, TeleSUR, Al Mayadeen Español, El Español. ■