Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Temor com inadimplência nos EUA derrete ações de bancos no mundo todo
Preocupações com a qualidade do crédito em bancos regionais americanos disparam venda de ações do setor financeiro global, revivendo temores de crises passadas
America do Norte
Foto: https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2024/07/2024-07-25T202107Z_1_LYNXMPEK6O10M_RTROPTP_4_TWFG-IPO-e1752600388794.jpg?fit=818%2C458&quality=50&strip=all
■   Bernardo Cahue, 17/10/2025

Um tremor de insegurança varreu os mercados financeiros globais nesta sexta-feira, 17 de outubro, após revelações de problemas com empréstimos inadimplentes em bancos regionais dos Estados Unidos. O medo de que as dificuldades possam ser a ponta de um iceberg levou a uma forte queda nas ações de instituições financeiras ao redor do mundo e fez investidores buscarem a segurança do ouro, que atingiu um recorde histórico.

O gatilho para o pânico foi o anúncio de dois bancos americanos de médio porte. O Zions Bancorp informou que sofreria uma perda de US$ 50 milhões com dois empréstimos , enquanto o Western Alliance Bancorp revelou estar movendo um processo judicial por conta de um empréstimo fraudulento. As ações de ambas as instituições despencaram mais de 10% no pregão de quinta-feira (16).

A frase do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, dita um dia antes, tornou-se profética. Ao comentar falências recentes no mercado de crédito, ele afirmou: "quando você vê uma barata na cozinha, provavelmente há outras", sugerindo que mais problemas poderiam estar por vir.

Venda em Cadeia Atinge Bancos Globais

O temor não ficou contido nos EUA. Nesta sexta-feira, o pânico se espalhou pelos mercados da Ásia e da Europa, resultando em pesadas perdas para o setor bancário internacional :

  • Europa: O índice europeu de bancos caiu quase 3%. Na Alemanha, o Deutsche Bank chegou a cair 6,9%, enquanto no Reino Unido, o Barclays recuou 5,4%. Cerca de € 45 bilhões foram apagados do valor de mercado do setor na Europa e no Reino Unido.
  • Ásia: Instituições financeiras japonesas, como a Mizuho Financial Group e as seguradoras Sompo Holdings e Tokio Marine, também registraram quedas significativas.
  • Wall Street: No pré-mercado, grandes bancos como Bank of America, Citigroup e o próprio JPMorgan Chase operavam em baixa.

Rastros de uma Crise Recente e o Fantasma do Subprime

Os eventos trouxeram à tona a memória da crise de março de 2023, quando a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) abalou a confiança no sistema. Embora as causas sejam diferentes, o efeito de contágio no sentimento do investidor é semelhante. Especialistas, no entanto, buscam acalmar os ânimos, classificando os problemas atuais como "idiossincráticos" (específicos de cada instituição) e não como um sinal de algo mais sistêmico.

O analista Jim Reid, do Deutsche Bank, explicou que a situação "levantou questões mais amplas sobre possíveis problemas de qualidade de crédito após um longo período de taxas de juros elevadas e expansão no crédito privado". A recente falência da fornecedora de autopeças First Brands e da financeira Tricolor Holdings já tinha deixado o mercado em estado de alerta.

Reação dos Investidores e Perspectivas

Assustados, os investidores correram para ativos considerados mais seguros:

  • O ouro atingiu a cotação recorde de US$ 4.378 a onça, registrando sua maior alta semanal desde a crise financeira de 2008.
  • O Índice de Volatilidade (VIX), conhecido como "medo do mercado", subiu mais de 22%, atingindo seu nível mais alto desde abril.

Apesar do susto, há vozes ponderadas. "Achamos que os bancos europeus estão bem capitalizados e reduziram significativamente seus riscos nos últimos 10 anos", comentou David Barker, da GAM, acrescentando que espera que a venda seja passageira, assumindo que não haja novos choques.

Com informações de: Forbes, CNBC, The Guardian, The Globe and Mail, Yahoo Finance. ■