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O almirante Alvin Holsey está deixando seu cargo como chefe do U.S. Southern Command (SouthCom), o comando militar dos Estados Unidos responsável por todas as operações na América Central e do Sul, menos de um ano após assumir o posto. A decisão, confirmada na quinta-feira (16), surpreendeu oficiais americanos, uma vez que o mandato costuma durar três anos.
A saída de Holsey ocorre em um momento de significativa escalada militar na região. O Pentágono construiu rapidamente uma força de cerca de 10.000 militares no Caribe, em uma missão descrita como contra o narcotráfico e o terrorismo. Desde o início de setembro, forças dos EUA realizaram uma série de ataques contra embarcações:
Embora a Casa Branca tenha se recusado a comentar e o Departamento de Defesa não tenha se manifestado imediatamente sobre a saída de Holsey, a mudança na liderança acontece em um contexto de fortes questionamentos legais e estratégicos sobre a condução das operações.
A administração Trump, através do secretário de Defesa Pete Hegseth, defende uma linha dura, tratando os presuntos narcotraficantes como "combatentes ilegais" que podem ser enfrentados com força militar letal. No entanto, esta abordagem é alvo de críticas:
O perfil do almirante Holsey e sua postura anterior sugerem um desalinhamento potencial com a nova política agressiva. Em fevereiro, ainda no início de seu mandato, Holsey preparava sua primeira visita ao Brasil com um discurso de boa vizinhança, focando no fortalecimento de parcerias e acordos bilaterais para pesquisa e treinamentos militares conjuntos.
Em seu discurso de posse, ele enfatizou a importância de estar "sempre ao lado de nações que pensam da mesma forma, que compartilham nossos valores, nossa democracia, nosso Estado de direito e os direitos humanos". Essa retórica de cooperação contrasta fortemente com as operações letais que têm causar alarme entre os parceiros regionais e legisladores americanos.
Para além do combate ao narcotráfico, oficiais americanos afirmaram privadamente que o objetivo principal da pressão militar é derrubar o líder autoritário da Venezuela, Nicolás Maduro. O governo venezuelano, por sua vez, condenou os ataques. Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e aliado de Maduro, acusou os EUA de usar o combate às drogas como desculpa para uma agressão maior.
A saída súbita do almirante Holsey deixa o Comando Sul em um momento crítico, levantando questões sobre o rumo das operações militares dos EUA na América Latina e o aprofundamento de uma estratégia que divide opiniões dentro do próprio governo e entre seus aliados.
Com informações de The New York Times, Associated Press, Folha de S.Paulo, Poder360, Bloomberg Caribe. ■