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Coronel assume o poder de Madagascar após presidente civil deixar o país
Militares tomam o controle do país após semanas de protestos liderados pela Geração Z; ex-líder Rajoelina deixa o país e é deposto por impeachment pelo parlamento
Africa
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■   Bernardo Cahue, 16/10/2025

Um coronel das forças armadas de Madagáscar anunciou a tomada do poder no país, após o presidente Andry Rajoelina ter sido destituído e forçado a fugir do território nacional. A mudança forçada de governo, que ocorreu entre os dias 12 e 14 de outubro de 2025, põe fim a semanas de uma crise política alimentada por protestos massivos da população.

O ponto de virada aconteceu quando a unidade de elite do exército, conhecida como CAPSAT, que havia sido crucial para levar Rajoelina ao poder em 2009, decidiu mudar de lado e se juntar aos manifestantes. No dia 14 de outubro, o coronel Michael Randrianirina, comandante desta unidade, declarou que as Forças Armadas estavam assumindo o controle e dissolveram a maioria das instituições do país, com exceção da Assembleia Nacional.

O coronel Randrianirina afirmou que um comitê militar governará o país por um período de até dois anos, prometendo a realização de um referendo para uma nova constituição e, subsequentemente, eleições gerais. Ele está previsto para ser empossado como "Presidente da Refundação da República de Madagáscar" no dia 17 de outubro.

? A Queda do Presidente

Andry Rajoelina, que já havia governado o país entre 2009 e 2014 e foi reeleito em 2023, enfrentou o maior desafio ao seu governo a partir de 25 de setembro, quando eclodiram protestos liderados por jovens da Geração Z. Inicialmente, os manifestantes protestavam contra os frequentes cortes de energia e água, mas o movimento rapidamente se transformou num descontentamento generalizado com a corrupção, o alto custo de vida e o desemprego.

Na tentativa de acalmar os ânimos, Rajoelina demitiu o primeiro-ministro e todo o seu gabinete, nomeando posteriormente um general para o cargo. A medida, no entanto, foi insuficiente e os protestos continuaram, com os manifestantes dando um ultimato de 48 horas para que o presidente renunciasse.

Com a situação se agravando e o apoio das forças de segurança minguando, Rajoelina deixou o país entre 11 e 12 de outubro, alegando ter enfrentado "ameaças explícitas e extremamente graves" à sua vida. De um local não divulgado, ele tentou dissolver o parlamento, mas os legisladores ignoraram a ordem e, em vez disso, votaram pelo seu impeachment, com 130 votos a favor.

? Reações e Consequências

O golpe militar em Madagáscar teve repercussões imediatas na cena internacional:

  • A União Africana (UA) suspendeu a participação do país no bloco com efeito imediato, condenando a mudança inconstitucional de governo e pedindo a restauração da ordem civil.
  • Os Estados Unidos recomendaram que seus cidadãos no país permaneçam em abrigos, descrevendo a situação como "altamente volátil e imprevisível".
  • A França, cujo governo foi acusado de ajudar na evacuação de Rajoelina, expressou "grande preocupação" com os acontecimentos.

Este evento marca mais um capítulo na instável história política de Madagáscar, um dos países mais pobres do mundo, onde cerca de 75% da população vive abaixo da linha da pobreza. A crise atual demonstra que o problema dos golpes de Estado na África não está mais restrito à região do Sahel, mas continua a ser um desafio continental.

Com informações de Al Jazeera, BBC, Wikipedia, The Conversation e Le Monde. ■