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Pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após a polícia do Quênia disparar tiros e usar gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão de milhares de pessoas que se reuniu para o velório do ex-primeiro-ministro e líder da oposição Raila Odinga. O caos eclodiu no Estádio Internacional Esportivo Moi, em Nairobi, quando os seguranças tentaram conter um grande número de apoiadores que tentou ultrapassar os portões do local.
O incidente é o mais recente exemplo do uso da força pela polícia queniana para conter manifestações públicas. Em junho, protestos contra o governo do presidente William Ruto deixaram pelo menos 16 mortos.
O corpo de Odinga, que morreu na Índia na quarta-feira (15/10), aos 80 anos, chegou ao Quênia na manhã de quinta-feira (16/10). A tensão começou ainda no aeroporto internacional de Nairobi, onde milhares de simpatizantes interromperam a cerimônia de recebimento do corpo com honras militares, forçando a suspensão das operações por duas horas.
De lá, a multidão seguiu em procissão até o estádio para o velório público. De acordo com testemunhas, a polícia começou a atirar e lançar bombas de gás quando houve uma tentativa de romper um portão de acesso à área onde o caixão estava. A confusão resultou em um tumulto, com pessoas correndo em pânico para escapar, o que contribuiu para o cenário de caos.
O chefe das operações policiais, Adamson Bungei, confirmou inicialmente duas mortes, descrevendo o ocorrido como um "confronto". Entretanto, meios de comunicação locais e o grupo de direitos humanos Vocal Africa relataram que o número subiu para quatro mortos, com vítimas levadas ao necrotério principal da cidade com ferimentos de bala.
O presidente William Ruto, que compareceu ao estádio após o incidente para prestar suas homenagens, não fez comentários públicos sobre a violência.
Raila Odinga foi uma das figuras mais proeminentes e controversas da política queniana. Após ser prisioneiro político e lutar pela redemocratização, ele se tornou o principal nome da oposição por décadas, concorrendo à presidência cinco vezes sem sucesso. Conhecido carinhosamente como "Baba" (pai), ele era um símbolo de esperança para muitos, especialmente para o grupo étnico Luo, mas também era visto com ceticismo por uma geração mais nova devido aos acordos políticos que fez ao longo da carreira.
Com informações de: Al Jazeera, BBC, The New York Times, The Guardian. ■