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Presidente de Madagascar denuncia tentativa de golpe de Estado
Governo acusa tentativa de tomada ilegal de poder após unidade de elite do exército se juntar a protestos e declarar controle das Forças Armadas. Capitais estrangeiras suspendem voos para a ilha
Africa
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRCK9s-Iqcr9MJl5v8mCWqICWMjPSA9ODwqsA&s
■   Bernardo Cahue, 12/10/2025

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, denunciou publicamente no domingo (12 de outubro) que está em curso uma tentativa de golpe de Estado no país. Em comunicado, sua presidência afirmou que há um "intento ilegal e por la fuerza de tomar el poder", contrário à Constituição e aos princípios democráticos, e condenou veementemente a ação.

A declaração presidencial ocorre após um fim de semana de tensões extremas. No sábado (11), membros da unidade de élite do exército, conhecida como CAPSAT, se uniram a milhares de manifestantes antigovernamentais na capital, Antananarivo. No domingo, esse mesmo grupo militar insurrecto anunciou, por meio de um vídeo, que havia assumido o controle das Forças Armadas.

Os militares do CAPSAT declararam que, a partir de agora, "todas as ordens do Exército malgache, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, procederão do quartel general do CAPSAT." Eles também haviam feito um apelo no sábado para que as forças de segurança se recusassem a atirar na população.

Origens da crise e papel da unidade militar

Os protestos que levaram à crise atual começaram em 25 de setembro, liderados por um movimento juvenil autointitulado "Geração Z". Inicialmente, os manifestantes reclamavam dos cortes crónicos de água e electricidade que assolam o país, onde apenas um terço da população tem acesso à electricidade.

Rapidamente, os protestos se transformaram numa insatisfação generalizada com o governo, passando a exigir a renúncia do presidente Rajoelina, eleito de forma controversa em 2023. A repressão das forças de segurança, que segundo a ONU já causou pelo menos 22 mortos, intensificou o clima de revolta.

O envolvimento do CAPSAT é particularmente significativo porque esta mesma unidade foi pivotal para levar Rajoelina ao poder em 2009, por meio de um golpe de Estado que depôs o então presidente Marc Ravalomanana. A ironia histórica não passou despercebida nos meios de comunicação internacionais.

Reações e desenvolvimentos recentes

Em meio à crise, o paradeiro do presidente Rajoelina tornou-se desconhecido no domingo. No entanto, a Presidência emitiu um comunicado negando que ele tivesse fugido do país e afirmando que ele "continua dirigindo os assuntos nacionais".

Num desenvolvimento surpreendente, o ministro das Forças Armadas, general Manantsoa Deramasinjaka Rakotoarivelo, reconheceu e participou da cerimônia de posse do general Démosthène Pikulas, oficial designado pelos militares insurrectos como o novo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

O cenário internacional reage com preocupação:

  • A União Africana expressou "profunda inquietude" e pediu calma a todas as partes.
  • Países vizinhos, como África do Sul, Comores e Maurício, manifestaram apreensão e pediram respeito à ordem constitucional.
  • A Air France suspendeu seus voos entre Paris e Antananarivo por motivos de segurança.

Enquanto isso, as ruas da capital malgache testemunharam um domingo incomum: foi o primeiro dia de protestos sem a presença de gás lacrimogéneo ou tiros, permitindo que os manifestantes se reunissem pacificamente na emblemática Praça 13 de Maio.

Com informações de: AP News, France 24, Euronews, DW, Swissinfo, Europa Press, e El Mundo. ■