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Eleição presidencial em Camarões: a disputa pelo oitavo mandato de Paul Biya
Aos 92 anos e após 43 anos no poder, o presidente Paul Biya é o favorito em uma eleição marcada pela desqualificação de rivais de peso e por questionamentos sobre a lisura do processo
Africa
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSsRkJDWOTtvvlRDKhvMSjqWnYDIRYbFqw1Ug&s
■   Bernardo Cahue, 12/10/2025

Os camaroneses vão às urnas neste domingo, 12 de outubro, para uma eleição presidencial que pode estender por mais sete anos o mandato do presidente Paul Biya, um dos líderes há mais tempo no poder em todo o mundo. Aos 92 anos, Biya governa Camarões com mão de ferro desde 1982 e busca agora um oitavo mandato consecutivo.

Em seu anúncio de candidatura, feito em julho, Biya declarou que sua "determinação em servir é proporcional aos sérios desafios que enfrentamos", acrescentando que "o melhor ainda está por vir". Para muitos dos mais de 28 milhões de camaroneses, no entanto, a perspectiva é de continuação de um regime marcado por acusações de violações de direitos humanos e concentração de poder.

Panorama Eleitoral e Candidatos

O cenário eleitoral é caracterizado por uma oposição fragmentada, com mais de 300 partidos políticos registrados, muitos dos quais, acredita-se, são financiados pelo próprio governo para dividir a oposição genuína. A eleição utiliza o sistema de primeiro-passo-o-post, onde o candidato com mais votos é declarado vencedor, sem necessidade de maioria absoluta.

Dos 83 que inicialmente registraram candidatura, 13 tiveram suas candidaturas aprovadas pela Eleições Camarões (Elecam), órgão eleitoral cujos membros são nomeados pelo próprio Biya. A lista de candidatos aprovados inclui:

  • Paul Biya, de 92 anos, atual presidente e candidato pelo Movimento Democrático do Povo Camaronês (RDPC .
  • Hermine Patricia Tomaïno Ndam Njoya, de 56 anos, presidente da União Democrática de Camarões (UDC) e a única mulher na disputa.
  • Cabral Libii, de 45 anos, jornalista e deputado, candidato pelo Partido para a Reconciliação Nacional de Camarões (PCRN).
  • Joshua Osih, líder da Frente Social Democrata (SDF).

Uma ausência de destaque é a de Maurice Kamto, que ficou em segundo lugar na eleição de 2018. Seu partido, Movimento pela Renascença de Camarões (MRC), que boicotou eleições legislativas e municipais em 2020, foi considerado inelegível para indicar um candidato, o que impediu sua participação.

Estratégias de Poder e Críticas

A longevidade de Biya no poder é atribuída a uma combinação de controle férreo sobre as instituições e habilidade para manipular divisões sociais. Ele é chefe de Estado, presidente do Conselho Superior do Judiciário e comandante-chefe das Forças Armadas. Criou também um batalhão de intervenção rápida, notório por violações de direitos humanos, que funciona como uma milícia pessoal.

"Ele tem a agilidade de não apenas estar um passo à frente da manada", descreveu o jornalista Sam Nuvalla Fonkem, "mas também a habilidade incomum de correr com as lebres e caçar com as raposas". Críticos se tornam ministros e aliados acabam na prisão, em uma constante rotação que mantém todos em equilíbrio e dependentes de sua vontade.

O país também é considerado um "cemitério para a liberdade de imprensa". Em 2024, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas classificou Camarões como o terceiro pior carcereiro de jornalistas na África Subsaariana. A mídia local tem proibição até mesmo de mencionar o estado de saúde do presidente.

O Futuro Pós-Biya

Com a idade avançada de Biya, a pergunta que muitos camaroneses começam a fazer não é quem vencerá esta eleição, mas o que acontecerá após a era Biya. A resposta, segundo analistas, definirá a nação muito mais do que o pleito de domingo. Enquanto isso, o presidente nonagenário parece determinado a continuar no cargo, buscando a possibilidade de governar até quase os 100 anos de idade.

Com informações de: CNN, Wikipedia, New York Times, Deutsche Welle. ■