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Um raro avião de espionagem dos Estados Unidos, um Boeing RC-135U "Combat Sent", foi avistado realizando um voo de reconhecimento próximo ao enclave russo de Kaliningrado no dia 7 de outubro. A aeronave, que decolou de uma base no Reino Unido, passou várias horas sobrevoando os estados bálticos e circulando a região de Kaliningrado antes de retornar à sua origem, em um contexto de aumento significativo das tensões entre a OTAN e a Rússia.
De acordo com dados de rastreamento de voo, a aeronave, com o indicativo JAKE37, partiu da Base Aérea de Mildenhall, no leste da Inglaterra, na manhã de terça-feira. O trajeto incluiu voos sobre os países bálticos e vários círculos em torno do território de Kaliningrado, que pertence à Rússia e está localizado entre a Polônia e a Lituânia, ambos membros da OTAN. Após concluir sua missão, que durou aproximadamente sete horas, o avião retornou em segurança ao Reino Unido. Este não foi um voo isolado; o mesmo jato-espião já havia sido detectado realizando uma trajetória semelhante em 2 de outubro.
O RC-135U Combat Sent é uma plataforma de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) altamente especializada. Sua principal função é coletar inteligência de sinais eletrônicos, especificamente projetada para detectar, identificar e analisar sinais de radares e sistemas de comunicação estrangeiros. As informações estratégicas que coleta são fornecidas diretamente ao presidente dos EUA, ao secretário de Defesa e aos comandantes militares, servindo para desenvolver contramedidas eletrônicas e mapear capacidades de defesa adversárias.
Esta aeronave é uma das apenas duas em serviço na Força Aérea dos EUA, tornando seu avistamento um evento incomum. Ela é equipada com sistemas de reabastecimento aéreo, o que lhe confere um alcance praticamente ilimitado, e sua tripulação é composta por pilotos, navegadores e uma equipe extensa de oficiais de guerra eletrônica e especialistas técnicos, frequentemente referidos como "Corvos".
O voo de reconhecimento ocorre em um momento de crescente atrito geopolítico. Nos últimos dias, vários países da OTAN relataram incidentes com drones não identificados que forçaram o fechamento de aeroportos e causaram cancelamentos de voos. O chanceler alemão, Friedrich Merz, acusou publicamente a Rússia de travar uma "guerra híbrida" contra a Alemanha e outros países, alegando que Moscou está por trás de muitas dessas intrusões de drones para fins de reconhecimento. O Kremlin, por sua vez, rejeitou veementemente essas acusações, com o porta-voz Dmitry Peskov afirmando que estão sendo feitas "de maneira infundada e indiscriminada".
Além disso, Kaliningrado tem um profundo significado estratégico para a Rússia. O enclave abriga a Frota do Báltico e sistemas avançados de mísseis, sendo uma peça-chave no dispositivo militar russo na Europa Oriental. Sua localização geográfica torna-a uma área de alto interesse para operações de inteligência de ambos os lados.
Encontros no ar entre aeronaves da OTAN e da Rússia na região do Báltico não são inéditos. Em 2017, um caça russo Su-27 chegou a voar a aproximadamente 1,5 metro de uma asa de um RC-135 norte-americano em um incidente classificado pelos EUA como "inseguro". Esses eventos destacam os riscos de escalada em uma região onde as operações militares das duas potências estão em proximidade constante.
Enquanto voos de reconhecimento como o do RC-135U são considerados rotineiros pelas forças armadas, sua ocorrência em períodos de tensão elevada atrai maior escrutínio. Analistas apontam que tais missões são vitais para a conscientização situacional e a defesa coletiva da OTAN, mas também carregam o risco de serem mal interpretadas, potencialmente aumentando as desconfianças mútuas em um cenário internacional já complexo.
Com informações de MK.ru, The Economic Times, Topcor.ru, Kyiv Post, Modern.az, BBC.com. ■