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Um jurista moçambicano levantou questões sobre a credibilidade do Diálogo Nacional Inclusivo, atualmente em curso no país, por ser conduzido pelo Governo. Para Tomás Vieira Mário, jornalista e jurista, a liderança do processo pelo Executivo é um problema, uma vez que este é "parte interessada" no contexto de um diálogo que tem origem no conflito pós-eleitoral.
Em entrevista à DW, Vieira Mário argumentou que "era de todo desejável que o processo de auscultação para uma nova visão da Nação fosse orientado de forma independente do Governo". Ele sugeriu que instituições como a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) ou o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) poderiam liderar a iniciativa, o que daria mais credibilidade ao processo.
Esta crítica surge em paralelo ao arranque, no dia 6 de Outubro, da fase de auscultação pública do Diálogo Nacional Inclusivo, que está a ser realizada em todas as províncias moçambicanas e na diáspora. O modelo aprovado pela Comissão Técnica do Diálogo prevê que brigadas percorram todos os distritos para ouvir propostas de cidadãos e organizações, com o objetivo de construir consensos nacionais.
No entanto, o debate sobre a neutralidade do processo divide opiniões. Enquanto o politólogo Ricardo Raboco também defende a necessidade de neutralidade, a RENAMO, um dos principais partidos da oposição, mostrou-se resistente à ideia. O porta-voz do partido, Marcial Macome, questionou como essa neutralidade seria definida e imposta.
O ceticismo em relação ao formato atual do diálogo já levou a ações concretas. O partido ANAMOLA, liderado pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, anunciou o seu boicote à auscultação pública, argumentando que o seu pedido para integrar a Comissão Técnica em condições de igualdade não foi atendido. A força política prometeu, contudo, organizar um processo próprio de auscultação e apresentar as suas conclusões até 15 de Dezembro.
Com informações de: DW, RFI, Presidência da República de Moçambique, AIM News. ■