Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Jurista contesta governo na liderança do Diálogo Nacional Inclusivo de Moçambique
Especialista defende que processo deveria ser conduzido por entidade neutra para garantir credibilidade, enquanto governo segue com fase de auscultação pública
Africa
Foto: https://opais.co.mz/wp-content/uploads/2023/05/TOMAS.jpg
■   Bernardo Cahue, 10/10/2025

Um jurista moçambicano levantou questões sobre a credibilidade do Diálogo Nacional Inclusivo, atualmente em curso no país, por ser conduzido pelo Governo. Para Tomás Vieira Mário, jornalista e jurista, a liderança do processo pelo Executivo é um problema, uma vez que este é "parte interessada" no contexto de um diálogo que tem origem no conflito pós-eleitoral.

Em entrevista à DW, Vieira Mário argumentou que "era de todo desejável que o processo de auscultação para uma nova visão da Nação fosse orientado de forma independente do Governo". Ele sugeriu que instituições como a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) ou o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) poderiam liderar a iniciativa, o que daria mais credibilidade ao processo.

Esta crítica surge em paralelo ao arranque, no dia 6 de Outubro, da fase de auscultação pública do Diálogo Nacional Inclusivo, que está a ser realizada em todas as províncias moçambicanas e na diáspora. O modelo aprovado pela Comissão Técnica do Diálogo prevê que brigadas percorram todos os distritos para ouvir propostas de cidadãos e organizações, com o objetivo de construir consensos nacionais.

No entanto, o debate sobre a neutralidade do processo divide opiniões. Enquanto o politólogo Ricardo Raboco também defende a necessidade de neutralidade, a RENAMO, um dos principais partidos da oposição, mostrou-se resistente à ideia. O porta-voz do partido, Marcial Macome, questionou como essa neutralidade seria definida e imposta.

O ceticismo em relação ao formato atual do diálogo já levou a ações concretas. O partido ANAMOLA, liderado pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, anunciou o seu boicote à auscultação pública, argumentando que o seu pedido para integrar a Comissão Técnica em condições de igualdade não foi atendido. A força política prometeu, contudo, organizar um processo próprio de auscultação e apresentar as suas conclusões até 15 de Dezembro.

Com informações de: DW, RFI, Presidência da República de Moçambique, AIM News. ■