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Kremlin afirma que negociações entre Rússia e EUA mantêm a "força de Anchorage"
Autoridade russa desmente declaração de vice-chanceler de que impulso para a paz após cúpula Trump-Putin estava esgotado, revelando contradição no governo
Leste Europeu
Foto: https://cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/ZU5GJDQOCFEW7AXBOZQTDHM3GY.jpg
■   Bernardo Cahue, 10/10/2025

Em uma declaração que contradiz a posição de outro alto diplomata, o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou nesta quinta-feira que os esforços da Rússia e dos Estados Unidos para pôr fim ao conflito na Ucrânia permanecem vivos. A fala foi uma resposta a comentários do vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, que, um dia antes, havia dito que o ímpeto para a paz gerado pela cúpula de Anchorage estava "em grande parte esgotado".

Uma contradição no alto escalão russo

Na quarta-feira (8), Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores, havia feito uma avaliação pessimista sobre o estado das negociações. Ele afirmou que o forte impulso para acordos surgido após o encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump, em 15 de agosto no Alasca, havia sido "em grande parte esgotado". Ryabkov atribuiu a estagnação às "ações destrutivas, em primeiro lugar dos europeus", referindo-se aos aliados da Ucrânia que, segundo Moscou, minaram os esforços de paz.

Entretanto, na quinta-feira (9), Yuri Ushakov, assessor de Putin, apresentou uma versão diametralmente oposta. De acordo com a agência de notícias estatal TASS, Ushakov declarou que as "alegações de que o ímpeto de Anchorage está desaparecendo, ou que se esgotou, são completamente incorretas". Ele acrescentou que a Rússia "continua a trabalhar com os americanos com base no que foi acordado entre os presidentes em Anchorage".

O pano de fundo: a cúpula do Alasca e a guerra

A reunião de alto nível entre Trump e Putin em Anchorage foi realizada em meio a grandes expectativas, mas não conseguiu produzir avanços concretos para encerrar a guerra, que já dura mais de três anos e meio. Desde então, Trump, que prometera acabar com o conflito rapidamente, tem expressado crescente frustração publicamente, chegando a criticar Putin e a chamar a Rússia de "tigre de papel".

Enquanto isso, Moscou mantém sua posição pública de estar aberta a um acordo diplomático, mas ressalta que continuará a buscar seus objetivos militarmente se não for possível chegar a um entendimento. A Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano e exige que Kiev e seus aliados ocidentais "aceitem a nova realidade" da anexação dessas regiões, uma exigência que a Ucrânia rejeita categoricamente.

As incertezas no caminho para a paz

As declarações contraditórias dentro do governo russo ocorrem em um momento de incerteza sobre o futuro das negociações:

  • Pressão Americana: Trump estabeleceu e subsequentemente alterou prazos para a Rússia aceitar um cessar-fogo, ameaçando com novas sanções e tarifas contra parceiros comerciais de Moscou.
  • Exigências Russas: Putin mantém suas demandas maximalistas, que incluem o controle de territórios ucranianos e garantias de que a Ucrânia não integrará a Otan.
  • Desconfiança Ucraniana: O presidente Volodymyr Zelensky já declarou repetidamente que não acredita que Putin esteja verdadeiramente empenhado em buscar a paz, acusando-o de protelar as negociações para continuar lutando.

Enquanto o Kremlin publicamente insiste na força do canal diplomático com Washington, a contradição entre suas próprias autoridades revela os desafios e as possíveis divisões na estratégia russa para encerrar a guerra.

Com informações de: CNN Brasil, Terra, Público, Sapo, Brasil de Fato, BBC, G1. ■