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O telefonema de 30 minutos entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na segunda-feira (6/10), foi publicamente descrito como "extraordinariamente bom" e "amistoso" por ambos os lados. No entanto, um movimento prático revela uma camada mais profunda de estratégia: a troca de seus números de telefone pessoais. O gesto, anunciado por Lula em entrevista à TV Mirante, foi explicado pelo presidente para evitar "intermediários" em assuntos urgentes.
Este canal direto foi aberto no mesmo momento em que Trump designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, para liderar as negociações pelo lado americano sobre o "tarifaço" - a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros - e sanções a autoridades. A escolha de Rubio é vista com cautela pelo governo brasileiro, que pediu, por meio de Lula a Trump, que o secretário converse com o Brasil "sem preconceito".
O pedido de Lula reflete a avaliação de que Rubio, conhecido por suas posições ideológicas e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), age com "um certo desconhecimento da realidade do Brasil". Analistas como Brian Winter, da revista Americas Quarterly, classificaram a nomeação de Rubio como "o caminho mais difícil para o Brasil".
Enquanto isso, as suspeitas sobre as informações que chegam aos assessores de Trump ganham contornos concretos. O afastamento da equipe do presidente americano do deputado Eduardo Bolsonaro e do blogueiro Paulo Figueiredo é um fator chave nessa reconfiguração. Fontes próximas ao círculo de Trump avaliam que a proximidade com ambos se tornou "desgastada e prejudicial", principalmente após denúncias de que replicaram e forneceram informações falsas.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo são formalmente denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por atuarem como intermediários para a aplicação de sanções dos EUA contra ministros do STF, numa tentativa alegada de influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A denúncia detalha que eles "apresentaram-se como patrocinadores dessas sanções, como seus articuladores e como as únicas pessoas capazes de desativá-las".
O governo brasileiro agora avalia que a "linha da Casa Branca mudou". Segundo fontes do Planalto e do Itamaraty, a estratégia de pressionar o Judiciário brasileiro através de sanções, impulsionada por informações dos bolsonaristas, não surtiu o efeito desejado em Trump. A percepção é de que, com a nova orientação, Marco Rubio estará "enquadrado" e não terá espaço para atrapalhar as negociações, pois na administração Trump "a única figura que dá a linha é Donald Trump".
O estabelecimento de uma linha direta entre os presidentes, somado ao descredito dos antigos intermediários e ao enquadramento político de Rubio, desenha um novo tabuleiro para a complexa relação entre os dois países. A diplomacia brasileira aguarda os próximos passos, confiante de que as negociações seguirão uma nova diretriz, vinda diretamente do topo.
Equipes Negociadoras:
Com informações de: BBC.com, gov.br, revistane.com.br, CNN Brasil, G1, Gazeta do Povo.