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Trump dá ultimato ao Hamas: plano de paz ou "inferno" até domingo

Numa escalada retórica sobre o conflito em Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um ultimato ao Hamas na sexta-feira, dando ao grupo até as 18h de domingo (horário de Washington, 23h em Lisboa) para aceitar o seu plano de paz sob a ameaça de enfrentar "um inferno como nunca antes se viu". A ameaça, feita na sua rede social Truth Social, foi seguida horas depois por uma resposta do Hamas, que se declarou pronto para libertar todos os reféns israelenses, mas deixou pontos cruciais do acordo em aberto, sinalizando uma negociação complexa e de desfecho incerto.

O Plano de 20 Pontos e a Ameaça

O plano em questão, um documento de 20 pontos apresentado por Trump e pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, prevê um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns israelenses, vivos e mortos, num prazo de 72 horas. Em troca, Israel libertaria centenas de palestinos detidos. Contudo, as cláusulas mais amplas representam uma reestruturação profunda do enclave:

  • Gaza seria "desradicalizada" e governada por um "comitê palestino tecnocrata e apolítico", sob a supervisão de um "Conselho da Paz" internacional que seria liderado pelo próprio Trump.
  • O Hamas não teria qualquer papel na governança do território e precisaria aderir a um processo de desarmamento sob supervisão de observadores independentes.
  • O plano também menciona uma "via credível" para a autodeterminação palestina, um ponto que Netanyahu já se apressou a contestar publicamente, reafirmando sua oposição a um Estado palestino.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, reforçou o ultimato, alertando que as consequências de rejeitar o acordo seriam "muito graves" e "trágicas" para o Hamas. Trump afirmou que, se o acordo fracassar, Israel terá o apoio dos EUA para "terminar o trabalho de destruir a ameaça do Hamas".

A Resposta Estratégica do Hamas

Num comunicado divulgado após a ameaça de Trump, o Hamas deu um passo em frente, mas evitou uma aceitação total. O grupo afirmou que concorda em "libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos" com base na fórmula de troca da proposta americana, desde que as "condições de campo necessárias" sejam atendidas. Além disso, declarou estar pronto para iniciar "imediatamente" as negociações através de mediadores e "entregar a administração da Faixa de Gaza a um órgão palestino de independentes (tecnocratas)".

Esta resposta, no entanto, é vista como estratégica e incompleta. Analistas apontam que o Hamas evitou mencionar pontos que tocam em suas linhas vermelhas históricas:

  • Desarmamento: O silêncio sobre a exigência de descomissionar suas armas é um dos maiores obstáculos.
  • Papel Futuro: Ao dizer que outras questões sobre o futuro de Gaza serão discutidas num "quadro nacional" do qual fará parte, o grupo sinaliza que não aceita ser excluído do futuro político do território.
  • Supervisão Internacional: A proposta de um "Conselho da Paz" liderado por Trump também não foi abordada na resposta do grupo.

Barbara Leaf, ex-funcionária sênior do Departamento de Estado dos EUA, comentou que o Hamas provavelmente tentará contornar as questões do desarmamento e da entrega completa dos reféns, aproveitando-se ainda das divisões internas entre sua ala política, sediada no Qatar, e os líderes militares em Gaza.

Um Caminho Incerto sob Pressão

O ultimato de Trump coloca uma pressão sem precedentes sobre as negociações. Apesar de a resposta do Hamas abrir uma porta, a complexidade dos pontos pendentes e o prazo extremamente curto tornam um acordo final até domingo pouco provável, embora possa dar início a negociações intensas. O conflito, que começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, já causou a morte de mais de 66 mil palestinos em Gaza, segundo o ministério da Saúde local, e de 1.200 israelenses, de acordo com as autoridades de Israel. Enquanto os líderes mundiais observam os desdobramentos, a população de Gaza enfrenta uma crise humanitária devastadora, com bombardeios contínuos em Gaza City e a designação de uma "zona humanitária" segura sendo descrita como "ridícula" por agências da ONU devido aos ataques regulares.

Com informações de: BBC.com/portuguese, CNN.com, NBCNews.com, CNNespanol.cnn.com, Publico.pt.

America do Norte
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTsrHmlvH75ddjOVD4SHS30di3bLUphiP-OMA&s
■   Bernardo Cahue, 03/10/2025

Numa escalada retórica sobre o conflito em Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um ultimato ao Hamas na sexta-feira, dando ao grupo até as 18h de domingo (horário de Washington, 23h em Lisboa) para aceitar o seu plano de paz sob a ameaça de enfrentar "um inferno como nunca antes se viu". A ameaça, feita na sua rede social Truth Social, foi seguida horas depois por uma resposta do Hamas, que se declarou pronto para libertar todos os reféns israelenses, mas deixou pontos cruciais do acordo em aberto, sinalizando uma negociação complexa e de desfecho incerto.

O Plano de 20 Pontos e a Ameaça

O plano em questão, um documento de 20 pontos apresentado por Trump e pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, prevê um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns israelenses, vivos e mortos, num prazo de 72 horas. Em troca, Israel libertaria centenas de palestinos detidos. Contudo, as cláusulas mais amplas representam uma reestruturação profunda do enclave:

  • Gaza seria "desradicalizada" e governada por um "comitê palestino tecnocrata e apolítico", sob a supervisão de um "Conselho da Paz" internacional que seria liderado pelo próprio Trump.
  • O Hamas não teria qualquer papel na governança do território e precisaria aderir a um processo de desarmamento sob supervisão de observadores independentes.
  • O plano também menciona uma "via credível" para a autodeterminação palestina, um ponto que Netanyahu já se apressou a contestar publicamente, reafirmando sua oposição a um Estado palestino.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, reforçou o ultimato, alertando que as consequências de rejeitar o acordo seriam "muito graves" e "trágicas" para o Hamas. Trump afirmou que, se o acordo fracassar, Israel terá o apoio dos EUA para "terminar o trabalho de destruir a ameaça do Hamas".

A Resposta Estratégica do Hamas

Num comunicado divulgado após a ameaça de Trump, o Hamas deu um passo em frente, mas evitou uma aceitação total. O grupo afirmou que concorda em "libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos" com base na fórmula de troca da proposta americana, desde que as "condições de campo necessárias" sejam atendidas. Além disso, declarou estar pronto para iniciar "imediatamente" as negociações através de mediadores e "entregar a administração da Faixa de Gaza a um órgão palestino de independentes (tecnocratas)".

Esta resposta, no entanto, é vista como estratégica e incompleta. Analistas apontam que o Hamas evitou mencionar pontos que tocam em suas linhas vermelhas históricas:

  • Desarmamento: O silêncio sobre a exigência de descomissionar suas armas é um dos maiores obstáculos.
  • Papel Futuro: Ao dizer que outras questões sobre o futuro de Gaza serão discutidas num "quadro nacional" do qual fará parte, o grupo sinaliza que não aceita ser excluído do futuro político do território.
  • Supervisão Internacional: A proposta de um "Conselho da Paz" liderado por Trump também não foi abordada na resposta do grupo.

Barbara Leaf, ex-funcionária sênior do Departamento de Estado dos EUA, comentou que o Hamas provavelmente tentará contornar as questões do desarmamento e da entrega completa dos reféns, aproveitando-se ainda das divisões internas entre sua ala política, sediada no Qatar, e os líderes militares em Gaza.

Um Caminho Incerto sob Pressão

O ultimato de Trump coloca uma pressão sem precedentes sobre as negociações. Apesar de a resposta do Hamas abrir uma porta, a complexidade dos pontos pendentes e o prazo extremamente curto tornam um acordo final até domingo pouco provável, embora possa dar início a negociações intensas. O conflito, que começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, já causou a morte de mais de 66 mil palestinos em Gaza, segundo o ministério da Saúde local, e de 1.200 israelenses, de acordo com as autoridades de Israel. Enquanto os líderes mundiais observam os desdobramentos, a população de Gaza enfrenta uma crise humanitária devastadora, com bombardeios contínuos em Gaza City e a designação de uma "zona humanitária" segura sendo descrita como "ridícula" por agências da ONU devido aos ataques regulares.

Com informações de: BBC.com/portuguese, CNN.com, NBCNews.com, CNNespanol.cnn.com, Publico.pt. ■