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Pentágono enfrenta escassez de armas e limita vendas a aliados
Estoques militares dos EUA atingem níveis críticos após apoio à Ucrânia e conflitos no Oriente Médio, levando a uma reavaliação estratégica e aceleração da produção doméstica
America do Norte
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSjAfzIiPwZCfkM2JnSNn8xuPcNoFivhscBKA&s
■   Bernardo Cahue, 01/10/2025

Contexto da escassez

O governo dos Estados Unidos está suspendendo temporariamente o fornecimento de alguns tipos de armamento para países europeus, uma medida tomada para reforçar seus próprios estoques, que atingiram níveis preocupantes. A escassez é particularmente aguda em sistemas de defesa aérea de alta tecnologia, como os mísseis Patriot, considerados vitais para a segurança nacional americana.

No começo de setembro, Elbridge Colby, vice-chefe do Pentágono, declarou ao Departamento de Estado que considera desnecessário enviar certos equipamentos militares a nações estrangeiras. "Ele não gostou da ideia de vender Patriots - que podem interceptar mísseis que chegam - para a Dinamarca, porque eles são escassos e devem ser reservados para os Estados Unidos usarem quando necessário", ressaltou uma publicação da revista The Atlantic.

Impacto no apoio à Ucrânia e reações internacionais

Esta não é a primeira vez que Washington reduz as vendas de armas a países estrangeiros. Em julho de 2025, o Pentágono suspendeu o envio de alguns mísseis de defesa aérea e outras munições de precisão para a Ucrânia. A decisão foi motivada por preocupações de que os estoques americanos desses armamentos estivessem muito baixos.

Entre os itens afetados pelas restrições estão:

  • Mísseis interceptadores para sistemas de defesa antiaérea Patriot
  • Munições de alta precisão GMLRS
  • Mísseis guiados Hellfire
  • Sistemas portáteis de mísseis Stinger

O Kremlin comemorou a decisão americana, com o porta-voz Dmitry Peskov afirmando que "quanto menos armamentos forem enviados à Ucrânia, mais rápido o conflito chegará ao fim". Enquanto isso, a Ucrânia alertou que qualquer atraso na ajuda militar americana "incentivará" a Rússia a continuar a guerra.

Aceleração da produção para um possível conflito com a China

Preocupado com estoques baixos em um possível conflito futuro com a China, o Pentágono está pressionando fabricantes de armamentos a dobrar ou até quadruplicar a produção de mísseis. A iniciativa é conduzida pelo Conselho de Aceleração de Munições, liderado pelo vice-secretário de Defesa, Steve Feinberg.

Entre as prioridades estão 12 sistemas considerados críticos, como:

  1. Mísseis Patriot (caso mais urgente)
  2. Standard Missile-6
  3. Long Range Anti-Ship Missile
  4. Joint Air-Surface Standoff Missile

O exemplo mais emblemático desse esforço é a Lockheed Martin, gigante da defesa que já recebeu quase 10 bilhões de dólares para produzir cerca de 2.000 mísseis PAC-3 até 2026. A meta do Pentágono é alcançar esse volume anualmente no futuro.

Problemas na cadeia de suprimentos

A escassez vai além dos sistemas de armas complexos. A guerra na Ucrânia está causando uma falta de trinitrotolueno (TNT) nos Estados Unidos, afetando tanto a produção de armas quanto a indústria de mineração.

O problema é agravado pelo fato de que os EUA fecharam sua última fábrica de TNT nos anos 80 devido aos resíduos perigosos e, desde então, dependem de fornecedores estrangeiros como China, Rússia e Polônia - que suspenderam as exportações para os EUA. Para enfrentar o problema, o Congresso norte-americano autorizou a construção de uma nova fábrica de TNT no Kentucky, com custo de US$ 435 milhões, que deve começar a operar apenas no final de 2028.

A combinação de estoques esvaziados, pressões geopolíticas múltiplas e desafios na cadeia de produção forçou os EUA a uma reavaliação estratégica de suas prioridades de defesa. A ordem atual do Pentágono para multiplicar a produção de armas é vista não apenas como uma estratégia de reposição, mas como uma questão de sobrevivência geopolítica diante da possibilidade de conflitos simultâneos em várias frentes.

Com informações de Tribuno do Sertão, InfoMoney, Veja, Click Petróleo e Gás, G1, R7, UOL e Observador. ■