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O Marrocos viveu, no último fim de semana, os maiores protestos antigovernamentais dos últimos anos. Centenas de jovens, em sua maioria da Geração Z, tomaram as ruas de pelo menos 11 cidades, incluindo Rabat, Casablanca e Marraquexe, para denunciar a corrupção e exigir investimentos em saúde e educação.
Os manifestantes estabeleceram um link direto entre o sistema de saúde em colapso e os vultosos gastos públicos com a preparação para a Copa do Mundo da FIFA de 2030, que o paÃs coorganizará com Portugal e Espanha. Slogans como "Os estádios estão aqui, mas onde estão os hospitais?" ecoaram durante os atos.
O estopim para a onda de indignação foi a morte de oito mulheres durante o parto em um hospital público na cidade de Agadir. A tragédia expôs a precariedade do setor de saúde, que possui, segundo dados da Organização Mundial da Saúde de 2023, apenas 7,7 profissionais médicos para cada 10 mil habitantes – um número muito abaixo do rácio de 25 profissionais recomendado pela OMS.
As autoridades responderam aos protestos com um pesado aparato policial. Agentes à paisana e outros equipados com material antimotim interromperam comÃcios em várias cidades. A Associação Marroquina de Direitos Humanos relatou que mais de 120 pessoas foram detidas, o que, na avaliação da entidade, "confirma a repressão das vozes livres e a restrição do direito à liberdade de expressão".
Este movimento se distingue de protestos anteriores por suas caracterÃsticas únicas:
Em resposta, o governo negou que esteja priorizando os gastos com a Copa do Mundo em detrimento da infraestrutura pública. O bilionário primeiro-ministro, Aziz Akhannouch, que também é prefeito de Agadir, defendeu as "grandes conquistas" do governo na saúde, atribuindo os problemas do setor a deficiências herdadas das décadas de 1960. Após os protestos, o ministro da Saúde demitiu o diretor do hospital de Agadir e outros funcionários da região.
Os protestos marcam um ponto de inflexão na polÃtica marroquina, com uma juventude conectada e frustrada assumindo a vanguarda da luta por mudanças estruturais, prometendo continuar a pressão por um sistema mais justo.
Com informações de: sapo.pt, NBC News, Hespress, Noticias ao Minuto, Morocco World News, ITV News. ■