Hannah Kreager, uma mulher transgênero de 22 anos, decidiu abandonar os Estados Unidos e solicitar asilo no Canadá, argumentando que as políticas implementadas pela administração do presidente Donald Trump criaram um ambiente de perseguição e risco para a comunidade transgênero no país.

Nativa do Arizona, Kreager tomou a decisão em abril de 2025 após meses de crescente preocupação com o clima político em seu país. De acordo com ativistas e organizações de direitos civis, o contexto para a comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos tornou-se progressivamente mais hostil.

Entre as medidas que a levaram a buscar asilo estão:

• A eliminação pelo governo federal da opção "X" para marcador de gênero em passaportes, que identificava pessoas transgênero e não-binárias
• Rumores sobre a possível invocação da Lei de Insurreição de 1807, que permitiria ao governo federal usar tropas para controlar rebeliões
• Preocupação com a proibição federal de cuidados de saúde para afirmação de gênero em adultos

Kreager revelou que adotou várias precauções antes de deixar os EUA, incluindo evitar banheiros públicos e multidões, além de estocar medicamentos para terapia de reposição hormonal por medo de que o acesso fosse cortado.

Seu caso representa um teste significativo para o sistema de refugiados do Canadá, uma vez que Ottawa tradicionalmente considera os Estados Unidos um "país seguro" para pessoas que temem perseguição com base em gênero, crença ou ideologia. Os dois países mantêm um Acordo de Terceiro País Seguro desde 2002, expandido em 2023, que geralmente impede que solicitantes de asilo que chegam dos EUA sejam aceitos.

Organizações como a Anistia Internacional têm criticado o acordo e pedido sua suspensão. Enquanto isso, dados da Junta de Imigração e Refugiados do Canadá mostram que mais americanos solicitaram status de refugiado na primeira metade de 2025 do que em todo o ano de 2024.

O pedido de asilo de Kreager foi formalmente apresentado em 1º de junho de 2025, com sua representante legal, Yamena Ansari, argumentando que a cliente "teme perseguição em seu país devido às políticas antitrans da administração atual".

Se bem-sucedido, o caso de Kreager pode estabelecer um precedente importante para outros norte-americanos que buscam proteção no Canadá. Sua advogada observa que tem recebido um número crescente de clientes dos EUA interessados em seguir caminho semelhante.

Com informações de: BBC.com, Sic Notícias, El Periódico USA, The Cut, Diario Libre■