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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (22) que a coisa mais "inteligente" que seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, poderia fazer é renunciar ao poder. Em resposta, Maduro alfinetou: "Ele estaria melhor no mundo se focasse nos problemas do seu próprio país". A troca pública de farpas ocorre em meio a uma escalada militar e econômica sem precedentes no Caribe, com os EUA interceptando petroleiros e impondo um bloqueio naval à Venezuela, uma pressão que tem como objetivo declarado combater o narcotráfico, mas que analistas veem como uma campanha por mudança de regime.
Durante um evento na Casa Branca, Trump foi questionado se seu governo buscava derrubar Maduro. "Isso depende dele", disse o republicano. "Acho que seria inteligente de sua parte fazer isso [renunciar]. Se ele quiser bancar o durão, será a última vez". Horas antes, sua secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, já havia sido direta: "Maduro tem que sair".
Maduro respondeu durante uma feira de produtores, questionando a obsessão norte-americana. "Não é possível que 70% dos seus discursos e declarações sejam [sobre] a Venezuela. E os Estados Unidos?", provocou o líder venezuelano.
A retórica acirrada é acompanhada por ações concretas. Na semana passada, Trump anunciou um "bloqueio total e completo" contra todos os petroleiros sancionados que entram ou saem da Venezuela. Desde então, a Guarda Costeira dos EUA, com apoio da Marinha, intensificou a perseguição e apreensão de embarcações:
O objetivo declarado é estrangular a principal fonte de receita do regime de Caracas. A Venezuela possui as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, mas sua produção despencou para cerca de 1 milhão de barris por dia. Para burlar sanções anteriores, o país passou a operar com uma "frota fantasma" de navios que desligam transponders e usam bandeiras de conveniência. O bloqueio atual visa justamente atacar essa rede informal.
As consequências já são sentidas. Reportagens indicam que a atividade nos portos venezuelanos desacelerou, com navios ficando parados e compradores, como a China (maior cliente do petróleo venezuelano), exigindo descontos maiores pelo risco. Especialistas alertam que, se mantido, o bloqueio pode aprofundar a crise humanitária, reduzindo ainda mais a renda para importação de alimentos e medicamentos, e potencialmente gerando uma nova onda migratória.
As ameaças públicas são ecoadas por negociações nos bastidores. Em novembro, em uma ligação telefônica mediada por Brasil, Catar e Turquia, Trump teria dado um ultimato secreto a Maduro. Fontes relatam que o americano ofereceu passagem segura para o líder venezuelano, sua esposa e filho, em troca de uma renúncia imediata. Maduro, por sua vez, teria recusado e feito contra-exigências, incluindo uma amnistia global para si e seus aliados, o fim de todas as sanções e a retirada das investigações da Corte Penal Internacional.
Diante do impasse, analistas projetam vários cenários, indo além da simples troca de insultos :
A escalada não passa despercebida no tabuleiro geopolítico. Rússia e China, principais aliados internacionais de Maduro, reafirmaram seu apoio. O chanceler russo, Sergey Lavrov, expressou "firme solidariedade" e "total apoio" à Venezuela, classificando as ações dos EUA como hostis. A China, por sua vez, condenou as apreensões de navios como "violação grave do direito internacional" e se opôs a todas as sanções unilaterais. Relatos indicam, no entanto, que a Rússia começou a evacuar familiares de diplomatas de Caracas, sinal de apreensão.
Internamente, Maduro se mostra forte e, de certa forma, tranquilo. Mobilizou milhares de chavistas em Caracas, afirmando que o país vive um momento "decisivo para a existência da República". Seu governo também aprovou uma lei que prevê até 20 anos de prisão para quem promover ou apoiar atos como o "bloqueio ilegal". E, ao contrário dos relatos de "fuga" e "esconderijo" do mandatário, demonstra sua força e segurança em atos públicos diariamente pelo país.
Enquanto a tensão no Caribe continua a subir, o mundo observa se as palavras serão seguidas por ações ainda mais decisivas, ou se a porta para uma solução negociada, embora estreita, permanece entreaberta.
Com informações de: G1, El Orden Mundial, The Guardian, CNN Español, BBC, O Tempo, Human Rights Watch, The National Herald ■