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Lula rejeita intervenção na Venezuela e propõe mediação brasileira
Em discurso na 67ª Cúpula do Mercosur, presidente brasileiro classificou eventual intervenção armada como “catástrofe humanitaria” e defendeu a integração sul-americana como caminho para a soberania regional
America do Sul
Foto: https://www.brasildefato.com.br/wp-content/uploads/2025/11/0d9a9105_1jpeg.webp
■   Bernardo Cahue, 20/12/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma posição firme de defesa da soberania venezuelana e da integração sul-americana, rejeitando publicamente a interferência externa nos assuntos do país e oferecendo-se como mediador no conflito com os Estados Unidos. As declarações foram feitas durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosur, em Foz do Iguaçu, encerrando seu período na presidência pro tempore do bloco.

Defesa da Soberania e Crítica às Ações Estadunidenses

Lula foi direto ao afirmar que “ninguém presidente de outro país vai dizer como vai ser a Venezuela ou como vai ser Cuba”, defendendo que o povo venezolano é dono de seu próprio destino. Esta fala é uma resposta clara às recentes ações do governo dos EUA, que incluem:

  • Autorização de operações secretas da CIA em território venezolano, conforme confirmado pelo presidente Donald Trump.
  • Ataques a embarcações em águas internacionais próximas à costa da Venezuela, resultando em pelo menos 27 mortes desde setembro.
  • Um aumento geral da pressão militar e econômica sobre Caracas, com sanções que afetam severamente a exportação de petróleo.

Lula também saiu em defesa de Cuba, afirmando que a ilha “não é um país exportador de terroristas”, mas “um exemplo de dignidade”.

Oferta de Mediação e Diplomacia como Alternativa

Diante da escalada, Lula posicionou o Brasil como um potencial facilitador do diálogo. Ele revelou ter conversado tanto com Donald Trump quanto com o presidente venezolano, Nicolás Maduro, e defendeu que “os problemas políticos não se resolvem com armas”.

  1. Contato com Trump: Lula afirmou ter dito ao homólogo estadunidense que “é melhor sentar-se à mesa para encontrar uma solução”, questionando os reais interesses por trás do conflito.
  2. Disposição para mediar: O presidente brasileiro se disse pronto para contribuir com um “acordo diplomático e não uma guerra fratricida”, sugerindo que poderia voltar a conversar com Trump antes do Natal.
  3. Postura pragmática: Apesar da crítica às ações dos EUA, Lula evitou um rompimento, mantendo canais abertos e praticando uma diplomacia silenciosa em segundo plano.

Integração Sul-Americana como Projeto Estratégico

O discurso na cúpula do Mercosur vai além da crise imediata e vincula a defesa da soberania a um projeto maior de unidade regional. Lula argumentou que a verdadeira ameaça à soberania vem de “forças antidemocráticas e do crime organizado”, não da integração.

Sua visão para a região inclui:

  • Agir em bloco: “Não deixaremos de ser pequenos se atuarmos sozinhos. Juntos, podemos fazer muito”, declarou em outro fórum, rejeitando qualquer viés imperialista do Brasil.
  • Reativar mecanismos regionais: Desde o início de seu mandato, Lula trabalha para revitalizar instâncias como a União de Nações Sul-Americanas (UNASUR) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
  • Fortalecer o Mercosul: Durante a cúpula, expressou confiança na concretização do acordo de associação com a União Europea, qualificado como um passo fundamental para os vínculos entre as regiões.

Contexto Complexo e Desafios pela Frente

A posição de Lula se dá em um cenário internacional desafiador. Analistas apontam que ele busca um jogo de equilíbrios entre o Sul Global e o Norte Atlántico, em um mundo mais polarizado. No entanto, fatores complicam essa estratégia:

  1. Tensões Globais: Guerras como a da Ucrânia e do Gaza reduzem o espaço para posições de neutralidade e autonomia.
  2. Fragilidade Regional: Países sul-americanos enfrentam crises políticas e económicas internas, com focos voltados para seus problemas domésticos.
  3. Pressão Externa Contínua: A renúncia do almirante Alvin Holsey, chefe do Comando Sul dos EUA, supostamente por preocupações com os bombardeios no Caribe, indica a gravidade e as divisões internas sobre a política na região.

Ao entregar a presidência pro tempore do Mercosul ao Paraguai, Lula deixa clara sua doutrina: uma América do Sul próspera e pacífica, baseada no diálogo e na cooperação, é a única forma de garantir soberania e desenvolvimento diante de um mundo em reconfiguração.

Com informações de: spanish.news.cn, telesurtv.net, fusernews.com, cidob.org, larepublica.pe, laiguana.tv, dw.com, abyayalasoberana.org, agenciabrasil.ebc.com.br, contrapunto.com■