Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
O ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol pagou uma indenização por danos morais no valor de R$ 146.847,13 ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pagamento, realizado em 27 de novembro, cumpre decisão judicial definitiva relacionada a uma entrevista coletiva com apresentação de PowerPoint durante a Operação Lava Jato, em 2016.
O valor foi depositado em uma conta judicial e será repassado ao presidente, incluindo também os honorários advocatícios. A condenação, que percorreu várias instâncias da Justiça até ser confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2024, considerou que Dallagnol cometeu abuso de direito e violou a honra de Lula ao usar termos como "comandante máximo do esquema de corrupção" e "maestro da organização criminosa".
A ação judicial tem origem em uma entrevista coletiva concedida em setembro de 2016, quando Deltan Dallagnol era coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. Na ocasião, ele utilizou uma apresentação de PowerPoint para detalhar a denúncia contra Lula no caso do tríplex do Guarujá.
Durante a apresentação, foi exibido um fluxograma onde o nome de Lula aparecia no centro, conectado a 14 expressões e acusações, como "petrolão" e "propinocracia". Dallagnol se referiu ao então ex-presidente como o "grande general" do esquema de corrupção na Petrobras.
Em dezembro de 2016, a defesa de Lula ingressou com uma ação de reparação por danos morais, pleiteando inicialmente R$ 1 milhão. O caso percorreu a primeira e segunda instâncias, foi revertido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, finalmente, teve a decisão mantida pela Primeira Turma do STF em junho de 2024, com a ministra Cármen Lúcia como relatora.
A Justiça entendeu de forma consolidada que o ex-procurador extrapolou os limites do exercício funcional. A condenação se baseou nos seguintes pontos:
Em sua defesa, Dallagnol sustentou que agiu dentro do exercício regular de suas atribuições como procurador, com o objetivo de informar a sociedade sobre os andamentos da investigação.
Após efetuar o pagamento, Deltan Dallagnol manteve seu discurso crítico. Em declarações públicas, afirmou: "Fui condenado por fazer o que faria de novo mil vezes se eu tivesse mil vidas: colocar na cadeia e não na presidência aqueles contra quem surgem fortes provas de corrupção".
Ele também caracterizou a condenação como uma "reação do sistema" e uma tentativa de "vingança" de Lula, prometendo transformar o episódio em um ato de solidariedade com a doação do excedente.
O caso se insere no contexto mais amplo das reversões jurídicas envolvendo Lula. Em 2021, o STF anulou todas as condenações do petista nos processos originados da Lava Jato em Curitiba, incluindo a do tríplex, por entender que o então juiz Sergio Moro foi parcial. O episódio do PowerPoint é visto como um dos símbolos da atuação da força-tarefa que, anos depois, seria alvo de questionamentos na esfera jurídica.
Com informações de: G1, InfoMoney, Folha de S.Paulo, Brasil 247, BNews, Contraponto Jornalismo, Agenda do Poder ■