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Senado aprova PL da dosimetria
Texto aprovado por senadores reduz penas de Bolsonaro e condenados por tentativa de golpe; relator Esperidião Amin (PP-SC) utilizou manobra para evitar volta do projeto à Câmara
Politica
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■   Bernardo Cahue, 18/12/2025

O plenário do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (17/12) o chamado PL da Dosimetria, projeto de lei que reduz as penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A votação teve 48 votos a favor, 25 contra e uma abstenção.

O relator do texto, senador Esperidião Amin (PP-SC), utilizou uma manobra para evitar que o projeto precisasse retornar à Câmara dos Deputados. Ele acatou uma emenda do senador Sérgio Moro (União-PR) que restringe os benefícios apenas aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, fechando uma brecha que poderia favorecer condenados por outros delitos, como exploração sexual ou crime organizado.

As principais mudanças trazidas pelo projeto são:

  • Progressão de regime mais rápida: condenados pelos ataques de 8 de janeiro poderão progredir ao regime semiaberto após cumprir 16% da pena no fechado, ante os 25% exigidos atualmente.
  • Fim da soma de penas: em caso de condenação simultânea pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado, prevalecerá a pena mais gravosa, e não a soma das duas.
  • Redução de 1/3 a 2/3 da pena para crimes cometidos em contexto de multidão, exceto para líderes e financiadores.

Para Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, o tempo de cumprimento em regime fechado pode cair dos atuais 6 a 8 anos para algo entre 2 anos e 4 meses e 4 anos e 2 meses, dependendo da interpretação. Pela regra anterior, ele só poderia pedir progressão após cerca de sete anos no fechado, com previsão de progredir ao semiaberto em abril de 2033.

O projeto segue agora para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já indicou que deve vetar o texto. Caso o veto seja derrubado no Congresso, a lei entrará em vigor.

Manifestantes de 14 de dezembro rejeitam "maquiagem de anistia"

No domingo (14/12), um dia antes da votação no Senado, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades do país para protestar contra o projeto, que consideram uma "maquiagem jurídica para perdoar crimes graves". Os atos, organizados por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda, tinham como principal lema "Sem anistia" e "Bolsonaro na cadeia".

Na Avenida Paulista, em São Paulo, e na orla de Copacabana, no Rio, manifestantes carregavam faixas com críticas à tentativa de aliviar penas de condenados pelos atos golpistas. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a proposta tenta se apresentar como um ajuste técnico, mas na prática busca "aliviar e perdoar quem atacou a democracia". Para ela, "não aceitaremos atalhos nem maquiagem jurídica para perdoar crimes graves".

O sentimento geral das ruas foi de rejeição a qualquer forma de anistia ou perdão aos envolvidos na tentativa de golpe. "A resposta das ruas foi clara. Não haverá tolerância com nenhum passo atrás. Sem anistia. A democracia não se negocia", declarou Feghali.

Críticas de juristas e perspectiva de veto

Juristas ouvidos pela BBC News Brasil alertam que a redação final do projeto, ao tentar restringir seus efeitos apenas aos crimes do 8 de janeiro, assume um caráter casuístico e pode ser considerada inconstitucional por criar uma "lei de exceção".

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), definiu o PL da Dosimetria como "um convite para o retrocesso" e afirmou que "não há espaço para relativizar ataques à democracia". Já o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, comemorou a aprovação, mas deixou claro que o desejado pelos aliados era a anulação dos processos, e não apenas a redução das penas.

Agora, a palavra final está com o presidente Lula, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar total ou parcialmente o texto. Caso o veto seja mantido, o projeto será arquivado. Se for derrubado, as novas regras passarão a valer, podendo alterar significativamente o cumprimento das penas de Bolsonaro e dos demais condenados pelo 8 de janeiro.

Senadores que votaram a favor do PL da Dosimetria

Os 48 senadores que votaram a favor do projeto foram:

  • Alessandro Vieira (MDB-SE)
  • Giordano (MDB-SP)
  • Ivete da Silveira (MDB-SC)
  • Eduardo Girão (Novo-CE)
  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Bruno Bonetti (PL-RJ)
  • Carlos Portinho (PL-RJ)
  • Dra. Eudócia (PL-AL)
  • Eduardo Gomes (PL-TO)
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
  • Izalci Lucas (PL-DF)
  • Jaime Bagattoli (PL-RO)
  • Jorge Seif (PL-SC)
  • Magno Malta (PL-ES)
  • Márcio Bittar (PL-AC)
  • Marcos Rogério (PL-RO)
  • Rogério Marinho (PL-RN)
  • Wellington Fagundes (PL-MT)
  • Wilder Morais (PL-GO)
  • Marcos do Val (Podemos-ES)
  • Zequinha Marinho (Podemos-PA)
  • Ciro Nogueira (PP-PI)
  • Dr. Hiran (PP-RR)
  • Esperidião Amin (PP-SC)
  • Laércio Oliveira (PP-SE)
  • Tereza Cristina (PP-MS)
  • Chico Rodrigues (PSB-RR)
  • Cid Gomes (PSB-CE)
  • Flávio Arns (PSB-PR)
  • Jorge Kajuru (PSB-GO)
  • Irajá (PSD-TO)
  • Lucas Barreto (PSD-AP)
  • Nelsinho Trad (PSD-MS)
  • Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
  • Sérgio Petecão (PSD-AC)
  • Vanderlan Cardoso (PSD-GO)
  • Oriovisto Guimarães (PSDB-PR)
  • Plínio Valério (PSDB-AM)
  • Styvenson Valentim (PSDB-RN)
  • Alan Rick (Republicanos-AC)
  • Cleitinho (Republicanos-MG)
  • Damares Alves (Republicanos-DF)
  • Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
  • Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
  • Efraim Filho (União-PB)
  • Jayme Campos (União-MT)
  • Professora Dorinha Seabra (União-TO)
  • Sergio Moro (União-PR)

Com informações de: G1, BBC News Brasil, Vermelho, UOL■