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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou um bloqueio naval "total e completo" a todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela, declarando que o país está "completamente cercado pela maior Armada já reunida na história da América do Sul". Esta medida é o ápice de uma campanha de pressão militar que se intensificou desde agosto, inicialmente justificada como combate ao narcotráfico. A retórica é beligerante: Trump designou o governo de Nicolás Maduro como uma "Organização Terrorista Estrangeira" e exige a devolução de petróleo e terras que alega terem sido roubados dos EUA. A ação prática mais contundente foi a apreensão militar do petroleiro "Skipper" na costa venezuelana em 10 de dezembro, um ato que Caracas denunciou como "pirataria internacional".
Em resposta direta à escalada americana, a Rússia emergiu como o principal aliado estratégico e político de Caracas. O presidente Vladimir Putin realizou uma ligação telefônica com Maduro para reafirmar seu apoio "incondicional" à soberania venezuelana. Mais do que palavras, esse apoio é institucionalizado por um Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre os dois países, que entrou em vigor em novembro de 2025. O tratado é explicitamente desenhado para contrariar "medidas coercitivas unilaterais" (uma referência clara às sanções dos EUA) e prevê a expansão da cooperação nos setores de petróleo, gás e defesa. Diplomatas russos exigiram publicamente explicações de Washington pela apreensão do navio e defenderam um debate coletivo sobre segurança marítima, posicionando a Rússia como um ator legitimador da posição venezuelana em fóruns internacionais. Este apoio serve como um claro sinal dissuasório para os EUA, elevando os riscos de qualquer ação militar mais ampla ao introduzir o potencial de um confronto direto com uma potência nuclear.
Se a Rússia fornece o escudo político-militar, a China atua como o sustentáculo econômico vital para o governo Maduro contornar o cerco financeiro ocidental. Apesar das sanções dos EUA que buscam estrangular as exportações de petróleo, a Venezuela continua produzindo cerca de 1 milhão de barris por dia. Desse total, uma esmagadora parcela de aproximadamente 80% é exportada para a China, que se tornou o mercado quase exclusivo para o petróleo venezuelano sancionado. Esse fluxo comercial massivo, realizado por uma frota de "navios fantasmas" ou "zumbis" que burlam as sanções, garante um fluxo de caixa essencial para a sobrevivência do regime. A relação é simbiótica: a Venezuela garante receita, e a China assegura acesso a uma das maiores reservas de petróleo do mundo a um preço com desconto. Qualquer ação militar que vise paralisar completamente a economia venezuelana teria que enfrentar não apenas a Rússia, mas também os profundos interesses econômicos e energéticos de Pequim na região, complicando exponencialmente o cálculo estratégico de Washington.
A crise venezuelana transcendeu há muito a questão da mudança de regime. Ela se transformou em um microcosmo da rivalidade entre grandes potências, onde Rússia e China atuam como freios contundentes à política de máxima pressão dos EUA. A análise sugere que esses fatores, combinados, criam um impasse:
Portanto, mais do que "impedir" uma guerra no sentido tradicional, Rússia e China criaram um custo geopolítico e econômico proibitivo para uma escalada militar total. Eles garantem que a queda de Maduro, se acontecer, não será resultado de uma invasão direta, mas de um longo e complexo jogo de pressão, resistência e negociação onde as grandes potências estão profundamente envolvidas.
Com informações de: G1, NPR, Opera Mundi, CBN, CNN Brasil, Al Jazeera, Revista Oeste, Naval.com.br, BBC, CNN International ■