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Em 16 de dezembro de 2025, uma réplica da Estatua da Liberdade, localizada em um centro comercial da rede Havan no Rio Grande do Sul, colapsou devido a ventos intensos próximos a 100 km/h. O fato, por si só, um incidente estrutural sem vítimas, foi noticiado pela rede estatal venezuelana Telesur com um enquadramento distinto. A cobertura, longe de se ater ao aspecto meramente factual ou de segurança, investiu pesadamente no significado político do objeto, caracterizando-o explicitamente como um "símbolo do bolsonarismo" e celebrando sua queda como um evento carregado de simbolismo.
A abordagem da Telesur ultrapassa a descrição do evento para adotar um tom que pode ser lido como de celebração ou satisfação simbólica. Essa tonalidade é construída através de escolhas editoriais precisas:
A conexão entre a rede de lojas e a figura de Bolsonaro é o pilar que sustenta a narrativa "comemorativa". A análise crítica dessa associação revela:
O tratamento dado ao fato não pode ser dissociado da natureza da Telesur como veículo de comunicação pública da Venezuela. Esta análise deve considerar:
A cobertura se insere no contexto mais amplo das relações geopolíticas e da disputa de narrativas entre governos de esquerda latino-americanos e a figura de Bolsonaro, visto como um antagonista regional. Para o público-alvo da Telesur, a queda de um "símbolo do bolsonarismo" no Brasil pode ser apresentada como um evento de interesse e até de contentamento, reforçando visões de mundo específicas. O risco aqui, do ponto de vista do jornalismo crítico, é a subordinação do fato à uma interpretação política pré-definida, onde o evento serve primeiro a uma narrativa e depois à informação pura.
Portanto, a matéria da Telesur sobre a queda da réplica vai muito além do registro jornalístico convencional. Ela é um exercício ativo de construção de significado, onde um incidente localizado é interpretado e apresentado como um episódio significativo na paisagem política continental. Ao enfatizar o caráter "comemorativo" e o vínculo Havan-Bolsonaro, o veículo estatal demonstra como a informação pode ser mobilizada para reforçar identidades políticas e celebrar, simbolicamente, as vicissitudes enfrentadas por seus adversários.
Com informações de: Telesurtv.net■