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Ex-assessora de Arthur Lira é alvo da PF em operação que investiga desvios no "orçamento secreto"
Operação Transparência cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da servidora e em sala da Presidência da Câmara. Defesa alega atuação "estritamente técnica"
Politica
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ3LUy6IQv5BGX9sPXiAW5329ly2MORBc1P3A&s
■   Bernardo Cahue, 14/12/2025

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (12) a Operação Transparência, com mandados de busca e apreensão contra a ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL), Mariângela Fialek, conhecida como Tuca. A ação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, investiga irregularidades na destinação de verbas públicas de emendas parlamentares, o chamado "orçamento secreto".

Os policiais federais cumpriram dois mandados em Brasília: um na casa de Fialek e outro em sua sala de trabalho na Câmara dos Deputados, localizada no anexo 2 e registrada como parte do gabinete da Presidência da Casa. Durante as buscas, foram apreendidos um celular, outros pertences e diversas joias da ex-assessora. Atualmente lotada na liderança do PP na Câmara, Fialek recebe um salário bruto de R$ 23,7 mil.

Papel central no esquema e "conta de padaria"

Segundo a investigação, Mariângela Fialek é apontada por deputados e por relatório da PF como a principal operadora do esquema de "orçamento secreto" durante a gestão de Arthur Lira na presidência da Câmara. O ministro Flávio Dino destacou em sua decisão que ela "desponta exercer o controle de indicações desviadas de emendas".

As investigações revelaram um método de trabalho considerado informal pelos agentes. A PF encontrou evidências de que a alocação de milhões de reais em recursos públicos era feita com base em anotações manuscritas e comandos verbais. Em um dos casos, a realocação de verbas de um município para outro no Ceará foi decidida em um bilhete à mão. Os investigadores compararam a maneira de controlar o orçamento a uma "conta de padaria".

Depoimentos e alcance da investigação

A operação teve como ponto de partida os depoimentos de seis parlamentares e de uma servidora da Câmara. Entre os que testemunharam estão os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ), José Rocha (União-BA), Adriana Ventura (Novo-SP) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG).

Os relatos indicam que Fialek:

  • Encaminhava ofícios da Presidência da Câmara para comissões, ordenando a liberação de emendas.
  • Era a destinatária de pedidos de deputados e senadores para mudança na destinação de verbas.
  • Manteve a função de operar as emendas mesmo após a troca na presidência da Casa, saindo de Arthur Lira para Hugo Motta (Republicanos-PB).

Os crimes investigados são peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou apoio às medidas cautelares, indicando que há indícios de que Fialek atuava em benefício de uma "provável organização criminosa".

A defesa e a trajetória da servidora

Em nota, a defesa de Mariângela Fialek, assinada pelos advogados Luís Inácio Adams e Maria Claudia Bucchianeri, afirmou que sua atuação sempre foi "estritamente técnica, apartidária e impessoal". Os advogados argumentam que ela organizava as emendas "nos exatos termos do que decidido pela Presidência da Casa e por todos os líderes partidários" e que todo o material de trabalho é público.

Mariângela Fialek tem uma longa trajetória no serviço público, ocupando cargos estratégicos em diferentes governos:

  1. Trabalhou na Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003) e na Subchefia de Assuntos Parlamentares no governo Temer.
  2. Foi chefe de assessoria no Ministério do Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro.
  3. Ocupou cargos em conselhos fiscais de estatais, como BNDES Participações, Codevasf e Caixa Econômica Federal.
  4. Foi assessora técnica da Presidência da Câmara a convite de Arthur Lira a partir de março de 2021.

A investigação segue em andamento para apurar a extensão dos desvios e a possível participação de outros agentes no esquema.

Com informações de: G1, R7, Estadão, Agência Brasil, CNN Brasil, Metrópoles, UOL, ICL Notícias ■