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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso desde 22 de novembro, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para que ele realize uma cirurgia e seja transferido para prisão domiciliar por razões humanitárias. O pedido, no entanto, foi recebido com desconfiança pelo ministro relator, Alexandre de Moraes, que identificou uma contradição crucial: o laudo médico que embasa a alegada urgência cirúrgica se refere a exames realizados há quase três meses, em um período onde o quadro clínico do ex-presidente era descrito de forma diferente.
Em decisão tomada nesta quinta-feira (11), Alexandre de Moraes não apenas negou o pedido inicial da defesa, mas determinou que uma perícia médica da Polícia Federal avalie Jair Bolsonaro no prazo de 15 dias. O ministro fundamentou sua desconfiança em dois pontos centrais:
Essa determinação por uma perícia independente sinaliza que o STF não aceitará automaticamente os laudos apresentados pela defesa, que são assinados por médicos particulares do ex-presidente, e busca um parecer técnico isento para fundamentar suas próximas decisões.
A análise da sequência de eventos revela a inconsistência apontada por Moraes. Os fatos conhecidos publicamente se desdobram da seguinte forma:
A questão central, portanto, é: se os exames de outubro já mostravam condições que demandariam cirurgia urgente, por que essa necessidade não foi comunicada ao STF antes da prisão, nem constou de boletins médicos públicos da época? Essa lacuna é o cerne da desconfiança judicial.
A defesa de Jair Bolsonaro sustenta que seu estado de saúde é grave e incompatível com o regime prisional fechado. Os advogados alegam que as crises de soluço (singulto) são refratárias a tratamentos convencionais e, ao aumentar a pressão abdominal, agravam uma hérnia inguinal, necessitando de cirurgia. Eles afirmam que o ambiente prisional não pode prover o tratamento contínuo necessário e que há "risco claro, imediato e concreto à vida" do ex-presidente se ele permanecer detido.
Além disso, a defesa tenta desvincular o episódio da violação da tornozeleira eletrônica, que motivou a prisão preventiva, de uma tentativa de fuga. Eles argumentam que a ação foi um "ato impensado" decorrente de confusão mental causada pela interação de medicamentos. Especialistas consultados pela mídia ponderam que, embora o dano ao equipamento complique o pedido de domiciliar, a questão de saúde pode se tornar preponderante se comprovada a gravidade.
A alegação de que o pedido de cirurgia seria parte de um plano de fuga, como sugerido no vídeo que originou esta análise, circula em meio a um contexto de desinformação. Em abril de 2025, publicações similares já espalharam a teoria de que uma internação hospitalar de Bolsonaro era uma "farsa" para acobertar uma fuga. Essas alegações foram verificadas e desmentidas por agências de checagem, que confirmaram a realidade do problema intestinal que o levou à cirurgia na época.
É importante notar que o risco de fuga de Bolsonaro é um elemento considerado pelo STF. Desde 2024, ele tem o passaporte apreendido justamente por esse fundamento. A alegação atual da defesa é que a ida ao hospital seria apenas para tratamento, com retorno à prisão após o período necessário de internação. Cabe agora à perícia da Polícia Federal, determinada por Moraes, atestar ou não a veracidade e a urgência das condições médicas apresentadas, separando os fatos clínicos de qualquer especulação.
Com informações de: Agência Brasil, CNN Brasil, G1, InfoMoney, Terra, UOL ■