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Ex-juíza federal acusa Sérgio Moro de agressão física e descreve "entidade mafiosa" na Lava Jato
Em entrevista, Luciana Bauer relata perseguição após tentar soltar acusado; suas denúncias se conectam às mortes do ministro Teori Zavascki e de um delegado federal, em uma trama que permanece sob investigações
Politica
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQsZ8Bm57_XAJTY0mDEWjpF6kn-KRX_RtJNSg&s
■   Bernardo Cahue, 10/12/2025

Agressão no elevador e clima de medo na 13ª Vara

Em entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho, na TV 247, a ex-juíza federal Luciana Bauer fez um relato grave sobre sua atuação durante a Operação Lava Jato. Ela afirmou que Sergio Moro, então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, a agrediu fisicamente dentro de um elevador. A agressão teria ocorrido após Bauer tentar conceder liberdade a um acusado da operação que estava preso preventivamente, por entender que não havia motivos para mantê-lo na cadeia.

Bauer descreve o que chama de uma "entidade mafiosa" instalada na vara da Lava Jato e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Segundo ela, essa estrutura perseguiu quem tentou denunciar irregularidades. A ex-magistrada, que hoje vive nos Estados Unidos, diz se sentir segura por estar "a 8 mil quilômetros de distância de Curitiba" e se declara uma "vítima de lawfare" — uso estratégico da lei para fins políticos.

A denúncia a Teori Zavascki e o acidente aéreo fatal

De acordo com o relato, após ser ameaçada e ter carros da Polícia Federal rondando sua casa, Bauer levou o caso ao então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. Zavascki era o relator dos processos da Lava Jato no Supremo e havia desistido de férias no início de 2017 para julgar os acordos de delação da Odebrecht.

Aproximadamente um mês depois de Bauer ter feito a denúncia ao ministro, Zavascki morreu em um acidente aéreo. No dia 19 de janeiro de 2017, o jatinho Hawker Beechcraft King Air C90 em que ele estava caiu no mar próximo a Paraty (RJ) durante a aproximação para pouso, matando todas as cinco pessoas a bordo.

O acidente gerou uma série de investigações e especulações:

  • Condições do voo: Chovia forte na região no momento do acidente. O aeroporto de Paraty é rudimentar, não possui torre de controle nem equipamentos para pouso por instrumentos, sendo permitido apenas pouso visual.
  • Investigação oficial: O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) concluiu que o piloto, Osmar Rodrigues—experiente e considerado cuidadoso—provavelmente sofreu uma desorientação espacial devido às condições de baixa visibilidade, o que levou à perda de controle.
  • Caixa-preta: A aeronave possuía um gravador de voz (voice recorder), que foi recuperado. Aviões particulares desse modelo não são obrigados a ter o gravador de dados de voo (FDR). Não há menção nos relatórios oficiais, citados nas fontes disponíveis, sobre o equipamento ter sido danificado.
  • Teoria da sabotagem: Paralelamente à investigação técnica, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) abriram inquéritos para apurar se houve intenção deliberada de derrubar o avião. Essa linha de investigação coexiste com a conclusão do CENIPA, alimentando teorias sobre o caso.

O assassinato do delegado federal e a teia de conexões

A trama ganha outro capítulo trágico com o assassinato do delegado federal responsável por investigar o acidente de Zavascki. De acordo com a denúncia publicada, três meses após a queda do avião, esse delegado foi morto a tiros em Balneário Camboriú (SC). O caso é apresentado como "o único assassinato de um delegado federal em décadas".

Ainda segundo as alegações, o suposto assassino do delegado e outras figuras polêmicas, como Adélio Bispo (autor da facada no então candidato Jair Bolsonaro em 2018) e Flávio Bolsonaro, treinavam no mesmo clube de tiro, o Ponto 38, de propriedade de Júlia Zanatta. As informações sobre o assassinato do delegado e a conexão com o clube de tiro não foram encontradas nas fontes de pesquisa disponíveis e dependem de confirmação por investigações oficiais.

Contexto atual e busca por provas

Luciana Bauer afirma que a operação de busca e apreensão realizada recentemente na 13ª Vara Federal de Curitiba "abriu uma fresta" para que episódios silenciados venham à tona. Há relatos de que materiais relacionados a outras denúncias graves contra figuras da Lava Jato teriam sido apreendidos nessa operação.

A ex-juíza ressalta o custo emocional de revisitar seu caso, mencionando que adquiriu taquicardia quando fala sobre o assunto. Ela se apresenta não como especialista, mas como "sobrevivente" de um sistema que, em sua visão, foi corrompido.

Com informações de Chicó Gregório, Brasil Paralelo, G1, Brasil 247, Plantão Brasil ■