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A Polícia Federal (PF) apreendeu, durante uma operação na 13ª Vara Federal de Curitiba, o suposto vídeo da "festa da cueca" que estava guardado dentro de uma caixa de arquivo amarela. A ação, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, ocorreu no dia 3 de dezembro e marca uma virada nas investigações sobre suspeitas de que informações confidenciais eram usadas para pressionar decisões na vara que foi o berço da Operação Lava Jato.
O material apreendido é central para as acusações feitas pelo empresário e ex-deputado Tony Garcia, que alega ter atuado como um "agente infiltrado" a mando do então juiz e atual senador Sérgio Moro. Segundo Garcia, as gravações contidas na caixa – incluindo o vídeo da festa – foram usadas por anos como instrumento de chantagem e manipulação de membros do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A operação da PF teve como alvo específico a tal "caixa amarela" e documentos de pelo menos 12 processos do período entre 2005 e 2019. De acordo com Tony Garcia, dentro dessa caixa estariam armazenadas "mais de 400 horas de gravações" em disquetes, feitas clandestinamente sob as ordens de Sérgio Moro. O ministro Toffoli foi explícito em sua decisão, determinando busca específica ao material relacionado a Garcia e a outros investigados, além de acesso irrestrito aos computadores da vara.
Além do vídeo, os policiais federais recolheram versões físicas de processos e documentos de investigações conduzidas antes da Lava Jato. Entre eles, estariam informações relacionadas ao próprio Tony Garcia e dados envolvendo acordos de colaboração do doleiro Alberto Youssef.
Tony Garcia, que fechou um acordo de colaboração premiada em 2004, sustenta que foi coagido por Sérgio Moro a fazer gravações ilegais contra autoridades, atuando como um espião informal. Sua função, segundo ele, era obter material comprometedor para fortalecer o poder do então juiz sobre desembargadores do TRF-4.
Em entrevista, Garcia detalhou um suposto esquema que envolvia:
O vídeo apreendido registraria um episódio específico ocorrido em 19 de novembro de 2003. Naquele dia, após um jogo da Seleção Brasileira em Curitiba, oito ou nove desembargadores do TRF-4 teriam se reunido com garotas de programa em uma suíte presidencial de um hotel cinco estrelas na cidade.
A festa teria sido gravada com uma câmera escondida no prendedor de gravata de Sérgio Renato da Costa Filho, sócio do advogado Roberto Bertholdo. Segundo as denúncias, as imagens não foram usadas para investigação formal, mas como moeda de troca para pressionar e chantagear magistrados, influenciando decisões judiciais. O advogado Roberto Bertholdo confirmou a existência das gravações e seu uso estratégico, afirmando que "expõem pessoas importantes do poder judiciário".
Em nota, a defesa do senador Sérgio Moro negou veementemente todas as acusações. Moro afirmou que não teve acesso aos autos do inquérito, "instaurado com base em um relato fantasioso de Tony Garcia", e que "não houve qualquer irregularidade no processo de quase 20 anos atrás". Sobre as buscas, Moro declarou que elas "apenas confirmarão que os relatos de Tony Garcia são mentirosos".
A apreensão do vídeo e da caixa amarela representa um marco nas investigações que o STF conduz sobre os métodos da Lava Jato. O material agora está sob custódia da Polícia Federal e servirá como prova para investigar a fundo as graves acusações de:
A descoberta ocorre em um contexto de crescente revisão crítica da Operação Lava Jato e pode ter sérias consequências para as narrativas construídas ao longo da última década, atingindo figuras centrais da operação.
Com informações de: Metrópoles, UOL, Revista Fórum, Direito e Ordem, ND Mais ■