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Em uma decisão que formaliza uma ruptura interna, a Executiva Nacional do União Brasil expulsou o ministro do Turismo, Celso Sabino, do partido nesta segunda-feira (8). A expulsão foi aprovada por 24 votos em uma votação secreta, após os dirigentes entenderem que Sabino cometeu infidelidade partidária ao desrespeitar uma ordem explícita para deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O partido também anunciou uma intervenção no Diretório Estadual do Pará, que era comandado por Sabino. O diretório passará a ser presidido por uma Comissão Executiva Interventora.
A crise que levou à expulsão teve início em setembro, quando o União Brasil, reforçando seu afastamento da base de apoio ao governo Lula, aprovou uma resolução dando prazo de 24 horas para que seus filiados pedissem exoneração de cargos no governo federal. O descumprimento da regra foi classificado como passível de punição por infidelidade partidária.
Apesar da determinação, Celso Sabino, que é deputado federal licenciado, permaneceu no comando do Ministério do Turismo. Sua trajetória nos meses seguintes foi marcada por idas e vindas:
Em reação à expulsão, Celso Sabino defendeu sua decisão de permanecer no governo. Em transmissão nas redes sociais, ele afirmou que foi expulso por optar pelo que considera o "melhor projeto para o país". O ministro vinculou sua permanência na pasta a uma questão de responsabilidade, especialmente diante da preparação para a COP30, a Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém (PA) em 2025.
"Me pediram para sair em 24 horas, faltando menos de um mês para a COP30. Eu não teria essa irresponsabilidade de fazer isso", declarou Sabino. Ele também ressaltou que deixa o partido "com a ficha limpa" e sem "nenhuma mácula".
A expulsão partidária não tem impacto imediato sobre o mandato de Sabino como deputado federal. De acordo com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por ter sido expulso pela direção do partido, ele não perde o mandato parlamentar e está apto a se filiar a outra sigla.
O futuro político do agora ex-filiado ao União Brasil está diretamente ligado às eleições de 2026. Aliados afirmam que a decisão de permanecer no governo foi influenciada por um cálculo eleitoral: Sabino planeja disputar uma vaga no Senado pelo Pará e acredita que o apoio de Lula, somado à visibilidade proporcionada pela COP30, pode fortalecer sua candidatura.
No entanto, o caminho não será fácil. A principal ameaça no estado vem de uma aliança articulada pelo governador Helder Barbalho (MDB), que planeja lançar-se ao Senado. Sabino já relatou a aliados que tem sido sondado por outros partidos e, segundo a coluna Radar, da Veja, ele pretende ouvir o presidente Lula antes de decidir onde se filiará para a disputa.
O caso de Celso Sabino escancara uma divisão interna no União Brasil. Enquanto a cúpula nacional, liderada por Antonio Rueda, adota uma postura de claro distanciamento e oposição ao governo Lula, parte da base parlamentar do partido no Congresso demonstra disposição para seguir apoiando o Executivo.
Esta não é a primeira tensão pública entre a direção do partido e o Planalto. Em setembro, ao anunciar a resolução que exigia a saída dos filiados, o União Brasil emitiu uma nota manifestando solidariedade a Antonio Rueda, na época alvo de reportagens que o associaram a investigações, e sugeriu um "uso político da estrutura estatal" para desgastá-lo. A alegação foi repudiada pela ministra Gleisi Hoffmann, que classificou as insinuações como infundadas.
Com informações de: G1, Agência Brasil, CartaCapital, Tribuna do Agreste, Times Brasil, Veja ■