Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
A escolha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como candidato do bolsonarismo à Presidência da República em 2026, confirmada na sexta-feira (5), gerou reações imediatas de ceticismo e desconforto dentro do próprio círculo político da família, antes de um alinhamento público forjado.
Pouco antes da confirmação oficial, por volta das 17h23, o assessor de comunicação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, coronel André Costa, enviou uma mensagem a contatos desacreditando a notícia, que havia sido publicada pela imprensa. "Ridícula essa matéria", escreveu. "Pergunte se alguém ouviu a voz de Bolsonaro. Pergunte se alguém leu uma carta de Bolsonaro. Esquece!", questionou, argumentando ainda que "Michelle não fala com a imprensa para dar esse tipo de informação".
Contudo, minutos depois, a própria Michelle Bolsonaro usou suas redes sociais para publicar um apoio direto ao enteado, desmentindo publicamente a posição de seu assessor. "Que Deus te abençoe nesta nova missão pelo nosso amado Brasil. Que o Senhor te dê sabedoria, força e graça em cada passo", escreveu a ex-primeira-dama, acompanhando uma foto da nota oficial do PL que confirmava a candidatura. Diante do fato consumado, André Costa recuou. Procurado, afirmou: "Foi antes de saber da confirmação. Agora está tudo confirmado. A gente não acerta sempre".
A indicação de Flávio, comunicada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, com a frase "Se Bolsonaro falou, está falado", reorganiza o tabuleiro da direita para 2026. A decisão, no entanto, é vista com reservas por aliados. No entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como um nome competitivo da direita, a expectativa era de que Bolsonaro só anunciaria seu candidato em março ou abril de 2026. A movimentação prematura surpreendeu e praticamente inviabiliza uma candidatura presidencial de Tarcísio, que agora tende a buscar a reeleição.
Além disso, uma pesquisa AtlasIntel divulgada na última terça-feira (2) — antes da confirmação — projetava um cenário desafiador para Flávio. No primeiro turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava com 47,3% das intenções de voto, contra 23,1% do senador. O instituto não incluiu Flávio nas projeções de segundo turno. A sondagem entrevistou 5.510 eleitores entre 22 e 27 de novembro, com margem de erro de um ponto percentual.
Nos bastidores, a indicação é vista com ceticismo quanto à sua viabilidade. Fontes do PP, Republicanos e do próprio PL interpretam o movimento como uma estratégia para ocupar o vácuo de liderança da direita, já que Jair Bolsonaro está preso e inelegível. A avaliação predominante entre aliados é que Flávio Bolsonaro "não é um nome competitivo" e que sua candidatura "abriria uma avenida para o presidente Lula conseguir a reeleição". Alguns acreditam que o senador estaria, na verdade, se posicionando para uma vaga de vice em uma eventual chapa futura.
O anúncio também serve para tentar unificar a família Bolsonaro após divergências públicas. Na semana passada, Michelle Bolsonaro desautorizou publicamente uma articulação do PL no Ceará que previa apoio a Ciro Gomes (PSDB), gerando críticas dos enteados, incluindo Flávio. A candidatura do filho mais velho é lida, em parte, como uma manobra para restabelecer uma frente comum após esse atrito.
A escolha gerou reações divergentes no espectro político:
Com informações de: Metrópoles, CartaCapital, UOL, CNN Brasil, Brasil 247, O Globo, BBC ■