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Confirmação de Flávio Bolsonaro como candidato em 2026 causa ruídos e expõe divisões na família
Assessor de comunicação de Michelle desmente uma matéria sobre o assunto, depois volta atrás; pré-candidaturas são adiantadas, consolidando "racha" na direita
Politica
Foto: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2025/12/michelle-e-andre-costa.png
■   Bernardo Cahue, 06/12/2025

A escolha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como candidato do bolsonarismo à Presidência da República em 2026, confirmada na sexta-feira (5), gerou reações imediatas de ceticismo e desconforto dentro do próprio círculo político da família, antes de um alinhamento público forjado.

Pouco antes da confirmação oficial, por volta das 17h23, o assessor de comunicação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, coronel André Costa, enviou uma mensagem a contatos desacreditando a notícia, que havia sido publicada pela imprensa. "Ridícula essa matéria", escreveu. "Pergunte se alguém ouviu a voz de Bolsonaro. Pergunte se alguém leu uma carta de Bolsonaro. Esquece!", questionou, argumentando ainda que "Michelle não fala com a imprensa para dar esse tipo de informação".

Contudo, minutos depois, a própria Michelle Bolsonaro usou suas redes sociais para publicar um apoio direto ao enteado, desmentindo publicamente a posição de seu assessor. "Que Deus te abençoe nesta nova missão pelo nosso amado Brasil. Que o Senhor te dê sabedoria, força e graça em cada passo", escreveu a ex-primeira-dama, acompanhando uma foto da nota oficial do PL que confirmava a candidatura. Diante do fato consumado, André Costa recuou. Procurado, afirmou: "Foi antes de saber da confirmação. Agora está tudo confirmado. A gente não acerta sempre".

Reorganização política e cenário eleitoral desfavorável

A indicação de Flávio, comunicada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, com a frase "Se Bolsonaro falou, está falado", reorganiza o tabuleiro da direita para 2026. A decisão, no entanto, é vista com reservas por aliados. No entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como um nome competitivo da direita, a expectativa era de que Bolsonaro só anunciaria seu candidato em março ou abril de 2026. A movimentação prematura surpreendeu e praticamente inviabiliza uma candidatura presidencial de Tarcísio, que agora tende a buscar a reeleição.

Além disso, uma pesquisa AtlasIntel divulgada na última terça-feira (2) — antes da confirmação — projetava um cenário desafiador para Flávio. No primeiro turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava com 47,3% das intenções de voto, contra 23,1% do senador. O instituto não incluiu Flávio nas projeções de segundo turno. A sondagem entrevistou 5.510 eleitores entre 22 e 27 de novembro, com margem de erro de um ponto percentual.

Ceticismo interno e estratégia questionada

Nos bastidores, a indicação é vista com ceticismo quanto à sua viabilidade. Fontes do PP, Republicanos e do próprio PL interpretam o movimento como uma estratégia para ocupar o vácuo de liderança da direita, já que Jair Bolsonaro está preso e inelegível. A avaliação predominante entre aliados é que Flávio Bolsonaro "não é um nome competitivo" e que sua candidatura "abriria uma avenida para o presidente Lula conseguir a reeleição". Alguns acreditam que o senador estaria, na verdade, se posicionando para uma vaga de vice em uma eventual chapa futura.

O anúncio também serve para tentar unificar a família Bolsonaro após divergências públicas. Na semana passada, Michelle Bolsonaro desautorizou publicamente uma articulação do PL no Ceará que previa apoio a Ciro Gomes (PSDB), gerando críticas dos enteados, incluindo Flávio. A candidatura do filho mais velho é lida, em parte, como uma manobra para restabelecer uma frente comum após esse atrito.

Reações do campo político e impacto

A escolha gerou reações divergentes no espectro político:

  • No Centrão: Integrantes de partidos como União Brasil, PP, Republicanos e PSD demonstraram insatisfação, pois apostavam em Tarcísio. Essas legendas podem optar pela neutralidade em 2026, não apoiando Flávio.
  • No mercado financeiro: A decisão foi mal recebida, com o dólar fechando em alta de 2,3% e o Ibovespa em queda de 4,3% no dia do anúncio. Analistas avaliam que a escolha "implode possíveis alianças entre centro e direita".
  • Na esquerda: Líderes petistas classificaram o movimento como previsível. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, afirmou que a candidatura de Flávio é preferível à de Tarcísio para o bolsonarismo, pois impede um "apagamento" de Jair Bolsonaro.

Com informações de: Metrópoles, CartaCapital, UOL, CNN Brasil, Brasil 247, O Globo, BBC ■