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O anúncio feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que recebeu do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o aval para disputar a Presidência em 2026, longe de ser um ato de união, é uma jogada estratégica de um clã político sob cerco. A decisão, confirmada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, expõe uma crise interna profunda no bolsonarismo, redesenha as apostas da direita e tenta transformar a sombra de uma prisão em capital eleitoral para a família.
Analistas e interlocutores políticos enxergam na indicação de Flávio muito mais do que a escolha de um candidato. Trata-se de uma manobra vital para a preservação do projeto político e da própria integridade da família Bolsonaro. Com Jair Bolsonaro preso e condenado, e com investigações pairando sobre outros filhos, ter o sobrenome nas urnas é visto como o principal escudo contra novos desdobramentos judiciais.
O timing do anúncio, considerado surpreendente por sua antecipação, foi acelerado por tensões recentes:
A estratégia bolsonarista, no entanto, colide frontalmente com os planos de setores mais amplos da direita e do chamado Centrão. Para estes, o nome Bolsonaro na chapa presidencial é mais um peso do que uma vantagem, especialmente em regiões como o Nordeste, onde a rejeição ao ex-presidente é alta.
O anúncio de Flávio representa um duro golpe para o projeto político que articulava a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto pelo mercado e por partidos de centro-direita como um nome mais capaz de unir um espectro amplo e derrotar Lula.
A situação jurídica é o calcanhar de Aquiles da candidatura de Flávio. O ministro do STF Alexandre de Moraes, na decisão que prendeu Jair Bolsonaro, sugeriu que o senador também será investigado por organizar uma vigília considerada parte do mesmo modus operandi de grupos que tentaram um golpe de Estado.
Este risco concreto de investigação e eventual inelegibilidade cria um paradoxo estratégico:
O cenário que se desenha com Flávio Bolsonaro como candidato oficial do bolsonarismo é o da radicalização da polarização. Analistas avaliam que isso pode, ironicamente, facilitar a estratégia de reeleição do presidente Lula.
A nitidez do confronto entre o campo democrático e o bolsonarismo autoritário permite a Lula reeditar a frente ampla que o elegeu em 2022, mobilizando seu eleitorado em torno da defesa das instituições e contra as ameaças golpistas. Enquanto a direita se fragmenta entre bolsonaristas e centristas, o governo pode focar em consolidar sua agenda e ampliar alianças, explorando a rejeição que o nome Bolsonaro ainda carrega em amplas parcelas do eleitorado.
Portanto, o lançamento de Flávio Bolsonaro é menos sobre a conquista do Planalto e mais sobre o controle do espólio político de uma família em crise. É uma tentativa desesperada de manter viva uma marca política sob ataque judicial e desgaste interno, mesmo que ao custo de dividir a direita e entregar a Lula um adversário cuja principal bandeira pode ser justamente o sobrenome que carrega – e todas as rejeições e riscos que ele acarreta.
Com informações de: CNN Brasil, Tribuna do Sertão, Brasil de Fato, CartaCapital, BBC News Brasil, Valor Econômico, Portal Veloz ■