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Se as eleições para governador de São Paulo fossem hoje, Tarcísio de Freitas (Republicanos) venceria com folga em qualquer cenário testado contra potenciais adversários, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Uma pesquisa Real Time Big Data de dezembro de 2025 mostra o governador com entre 45% e 50% das intenções de voto, enquanto Alckmin aparece com 26% em um cenário direto. Este dado, por si só, desenha um panorama inicial onde uma disputa acirrada parece mais teoria do que realidade. No entanto, o cenário político é dinâmico e a grande interrogação que paira sobre o pleito estadual é outra: a ambição presidencial de Tarcísio.
Tarcísio não chega a 2026 como um governador qualquer. Eleito em 2022 ao derrotar Fernando Haddad (PT) no segundo turno, ele construiu uma base municipal sólida e inédita para um primeiro mandato. Após as eleições de 2024, aliados e correligionários do governador passaram a administrar 629 dos 645 municípios paulistas, o equivalente a 96% das prefeituras. Esse poder local, articulado em torno de partidos como PSD, PL e Republicanos, fornece uma máquina política formidável para uma campanha de reeleição.
Sua imagem pública também é um trunfo. Tarcísio é frequentemente analisado como uma figura moderada dentro do espectro de direita, um perfil que amplia seu potencial de atrair votos além do núcleo bolsonarista. Seu governo tem sido marcado por uma agenda de privatizações (como a da Sabesp), concessões e pedágios, políticas que, apesar de controversas, são apresentadas como gestão técnica e eficiente para seu eleitorado.
Do outro lado, a candidatura de Geraldo Alckmin enfrenta obstáculos estruturais e políticos consideráveis. O primeiro é o desgaste após derrotas consecutivas. Alckmin perdeu a eleição para prefeito de São Paulo em 2000 e 2008, e sua campanha presidencial em 2018 foi um fiasco, obtendo menos de 5% dos votos nacionalmente e ficando em quarto lugar no próprio estado que governou. Esse histórico recente mancha a percepção de viabilidade eleitoral.
O segundo obstáculo são as questões jurídicas. Em 2020, o ex-governador foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob acusação de receber financiamento ilegal de campanha, o que o levou a se afastar da coordenação do programa de governo do então prefeito Bruno Covas para focar em sua defesa. Embora declare inocência, o processo gera uma sombra sobre sua candidatura.
Por fim, há o compromisso público com Lula e o governo federal. Alckmin atualmente ocupa o cargo de vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Fontes indicam que ele já declarou a intenção de repetir a "dobradinha" com Lula na disputa presidencial de 2026, descartando oficialmente uma candidatura ao governo paulista. Sua eventual candidatura representaria uma ruptura dramática com o Palácio do Planalto.
A decisão de Tarcísio entre tentar a reeleição ou embarcar na corrida presidencial é o fator que definirá o campo de batalha em São Paulo. A análise dos cenários revela:
A suposta disputa Tarcísio versus Alckmin é, hoje, muito mais um exercício de especulação política do que uma probabilidade concreta. A realidade aponta para a consolidação de Tarcísio como a força hegemônica no estado, com Alckmin ocupando um papel distinto e subordinado no plano nacional ao lado de Lula.
O verdadeiro embate em São Paulo refletirá o alinhamento das forças políticas nacionais. A continuidade do projeto bolsonarista-moderado de Tarcísio ou a abertura para um projeto de oposição ou centro depende, em última análise, de uma decisão que será tomada muito longe das fronteiras paulistas: no Palácio do Planalto e nas cúpulas dos partidos que definirão as candidaturas presidenciais. Enquanto isso, Tarcísio segue com a vantagem do poder, do tempo de TV e de uma rede de prefeitos que torna sua trajetória, seja para a reeleição ou para presidência, notavelmente sólida.
Com informações de: CartaCapital, Tribunal Superior Eleitoral, UOL, Diário do Comércio, O Globo, Gazeta do Povo, CNN Brasil ■