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Candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência provoca maior queda da Bolsa desde 2021
Mercado reage com aversão à notícia, que fragmenta cenário da oposição e enterra expectativa de candidatura de Tarcísio de Freitas; Ibovespa chegou a cair mais de 4%
Politica
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■   Bernardo Cahue, 06/12/2025

Os mercados financeiros brasileiros reagiram com força negativa à confirmação de que Flávio Bolsonaro será o candidato do PL à Presidência da República em 2026, escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O anúncio, feito na tarde desta sexta-feira (5), transformou um dia que caminhava para ser de recordes na Bolsa em uma sessão de pânico, com o Ibovespa registrando sua maior queda percentual em mais de quatro anos.

O principal índice da B3, que havia rompido pela primeira vez a marca dos 165 mil pontos, desabou 4,31% e fechou em 157.369 pontos. Em termos de pontos, a perda foi de quase 8 mil. Paralelamente, o dólar comercial disparou 2,29%, sendo cotado a R$ 5,4318, maior valor desde outubro. A reação foi tão intensa que analistas a compararam ao dia 8 de março de 2021, quando o Ibovespa caiu 3,98% após a recuperação dos direitos políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O anúncio político

Flávio Bolsonaro usou suas redes sociais para confirmar a indicação. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu o senador pelo Rio de Janeiro. A informação foi primeiramente divulgada pelo colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, e depois confirmada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que declarou: "Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos".

Jair Bolsonaro, preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília por condenações relacionadas a tentativa de golpe de Estado e impedido de disputar eleições, teria externado o desejo de lançar o filho durante uma visita dele na última terça-feira (2). A decisão é vista como uma manobra para manter o controle sobre o capital político do bolsonarismo e definir quem será o herdeiro da sua base eleitoral.

Por que o mercado reagiu mal?

Analistas e economistas consultados por diversos veículos apontam uma convergência de razões para a reação negativa imediata:

  • Fim da expectativa em torno de Tarcísio de Freitas: O mercado considerava o governador de São Paulo um candidato mais moderado, com perfil gerencial, histórico de privatizações e maior capacidade de construir alianças amplas com o centrão e a centro-direita. Flávio Bolsonaro, em contraste, é visto como um nome mais radical e com rejeição elevada, o que reduziria suas chances contra Lula e aumentaria a incerteza.
  • Fragmentação da oposição: A candidatura de Flávio inviabiliza a união das forças de direita e centro em torno de um único nome forte. "O apoio de Bolsonaro a um candidato que não seja Tarcísio cria uma pulverização, divisão de forças em vez de uma união", avaliou o analista Victor Benndorf. Outros nomes, como os governadores Ratinho Jr. (PSD) e Ronaldo Caiado (União Brasil), já haviam declarado suas pré-candidaturas e mantêm suas intenções mesmo após o anúncio.
  • Agenda econômica menos previsível: O mercado passou a precificar um cenário de maior instabilidade e menor clareza sobre as políticas econômicas que poderiam vigorar a partir de 2027. "Quando o mercado identifica um candidato com baixa capacidade de crescimento, costuma aumentar a cautela... porque isso reduz a previsibilidade", explicou Ricardo Pompermaier, da Davos Investimentos.

Reconfiguração do tabuleiro eleitoral para 2026

A decisão altera profundamente as projeções para a disputa presidencial do ano que vem:

  1. Tarcísio de Freitas deve buscar a reeleição ao governo de São Paulo, deixando a corrida presidencial.
  2. Lula se fortalece diante de uma oposição dividida. A fragmentação entre Flávio Bolsonaro, Ratinho Jr., Caiado e possíveis outros nomes tende a beneficiar o atual presidente, que busca a reeleição.
  3. O "centrão" busca uma terceira via. Líderes de partidos como União Brasil já manifestaram desconforto com a polarização. Antonio Rueda, presidente da sigla, afirmou, sem citar nomes, que "não será a polarização que construirá o futuro", sinalizando a intenção de formar uma chapa alternativa ao PT e ao PL.

Pesquisas eleitorais anteriores ao anúncio mostravam Flávio Bolsonaro com intenção de voto entre 20% e 23% no primeiro turno, desempenho inferior ao de Tarcísio e de Ratinho Jr. em cenários simulados.

Perfil do candidato

Flávio Nantes Bolsonaro, 44 anos, é o filho mais velho do ex-presidente. Sua trajetória política inclui:

  • Quatro mandatos como deputado estadual no Rio de Janeiro (entre 2003 e 2019).
  • Senador da República pelo Rio desde 2019, onde ocupa a posição de 3º secretário da Mesa Diretora.
  • Foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, ficando em quarto lugar.
  • É formado em Direito e tem especializações em políticas públicas e empreendedorismo.

O senador carrega consigo uma série de controvérsias, incluindo declarações homofóbicas, defesa da ditadura militar e a antiga suspeita do caso "rachadinha" de quando era deputado estadual, episódio que seus oponentes certamente trarão à tona durante a campanha.

Com informações de G1, Seu Dinheiro, Esmael Morais, Money Report, Jovem Pan, CartaCapital, O Popular, BBC News Brasil e Wikipédia ■