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Estratégia de Kassab coloca PSD como partido-pivô na eleição de 2026
Ratinho Jr. e Eduardo Leite são os pivôs da disputa presidencial, mas diálogo com Lula segue aberto para possível apoio em caso de segundo turno
Politica
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■   Bernardo Cahue, 05/12/2025

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, articula um complexo jogo político para as eleições de 2026, posicionando seu partido como uma força central e pragmática. Com um pé no governo Lula, onde ocupa ministérios, e outro na oposição de centro-direita, Kassab busca maximizar a influência do partido independentemente do vencedor final. A estratégia principal é consolidar uma candidatura única de centro-direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome preferencial. Kassab afirmou que os dois pré-candidatos do partido, os governadores Ratinho Júnior (PR) e Eduardo Leite (RS), retirariam suas candidaturas caso Tarcísio decida concorrer.

Esta manobra ocorre em um contexto de crescimento do PSD, que se tornou a sigla com o maior número de prefeitos no país, saltando de 660 para 1.050 entre 2020 e 2024. Kassab mantém elos com o governo Lula e, simultaneamente, atua como secretário de Governo do estado de São Paulo, comandado por Tarcísio. Um aliado resumiu a tática: “De um jeito ou de outro, quem vai ganhar as eleições de 2026 é o Kassab”.

Ratinho Jr. e Leite buscam o centro em oposição a Lula

Enquanto Tarcísio se alinha publicamente a Jair Bolsonaro e à pauta da anistia aos condenados do 8 de janeiro, Ratinho Jr. e Eduardo Leite adotam uma estratégia distinta, buscando ocupar o espaço do centro e da centro-direita.

  • Ratinho Júnior (PSD-PR): Tem se posicionado como uma liderança da "nova geração", focando em gestão e evitando pautas polarizadas. Criticou a PEC da Blindagem (foro privilegiado) e adotou um tom cauteloso sobre a anistia, defendendo que o país precisa "andar para frente". Em eventos com Kassab, tem discursado com tom presidencial, destacando o papel dos governadores. Pesquisas indicam que, em um segundo turno hipotético contra Lula, teria 32% das intenções de voto.
  • Eduardo Leite (PSD-RS): Também defende a "despolarização" e marca posição contra a PEC da Anistia. Em entrevistas, salienta sua “independência”, por não ter apoiado nem Lula nem Bolsonaro em 2022, e diz estar disposto a apoiar Ratinho Jr. ou Tarcísio se houver alinhamento de projetos e viabilidade eleitoral.

Analistas avaliam que ambos perceberam uma rejeição crescente aos extremos e tentam se apresentar como alternativas viáveis a Lula sem carregar o peso político de Bolsonaro, cuja imagem pode ser um fardo no segundo turno.

Cenário eleitoral: Pesquisas mostram disputa acirrada no segundo turno

Dados de intenção de voto para 2026 ilustram a competitividade do cenário e a janela de oportunidade para um candidato de centro-direita. Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg de novembro de 2025 mostra que Lula empataria tecnicamente no segundo turno com vários adversários:

  • Lula 49% x Tarcísio 47% (dentro da margem de erro)
  • Lula 49% x Ratinho Jr. 41%
  • Lula 47% x Eduardo Leite 28%

Outro levantamento, da Genial/Quaest, projetou Ratinho Jr. com 32% contra 44% de Lula, desempenho próximo ao de Tarcísio (35% contra 43%). Os números reforçam a análise de que, embora Tarcísio seja visto como mais competitivo, Ratinho Jr. possui capital político relevante e se beneficiaria de uma campanha nacional.

Plano B: O Senado como opção estratégica para os governadores

A articulação de Kassab para 2026 tem várias camadas. Paralelamente ao discurso de unificação presidencial, ele já garante quatro nomes fortes do PSD para o Senado: os governadores Eduardo Leite e Ratinho Junior, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung e o deputado Pedro Paulo (RJ).

Eduardo Leite admitiu publicamente que pode optar por uma candidatura ao Senado caso seu projeto presidencial não seja viável. “Se defendo a 'despolarização', tenho responsabilidade com esse movimento – seja como candidato a presidente, ao Senado ou em outra posição”, declarou. Essa flexibilidade é um trunfo do PSD, permitindo que o partido mantenha suas lideranças em jogo e fortaleça sua base no Congresso, independentemente do desfecho da corrida presidencial.

Conclusão: O pragmatismo como maior ativo

A disputa pela pré-candidatura no PSD reflete menos uma rivalidade interna e mais uma estratégia coordenada e pragmática. Sob o comando de Gilberto Kassab, o partido se prepara para todos os cenários possíveis em 2026:

  1. Apoiar uma candidatura unificada de centro-direita com Tarcísio de Freitas.
  2. Lançar um de seus governadores (Ratinho Jr. sendo o favorito) caso Tarcísio desista.
  3. Recolocar essas mesmas lideranças em corridas majoritárias ao Senado, fortalecendo a bancada partidária.
  4. Manter-se como um aliado relevante, dialogando tanto com a oposição quanto com o governo Lula.

Com a prisão de Jair Bolsonaro alterando a configuração da direita, a aposta do PSD no centro e na imagem gerencial de seus governadores pode ser decisiva para definir o principal adversário de Lula na busca pela reeleição.

Com informações de: UOL, Gazeta do Povo, Folha de S.Paulo, O Globo, Política Brasileira, Estadão■