Em entrevista à rádio CBN Goiânia no dia 20 de outubro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), reafirmou que continua pré-candidato à Presidência da República pela sua legenda. "Eu continuo candidato à presidência da República pelo União Brasil e, lógico, sabendo que o meu diálogo com todos os outros partidos é uma coisa normal na vida pública", declarou. A afirmação consolida um movimento iniciado em abril de 2025, quando ele lançou formalmente a pré-candidatura em um evento em Salvador (BA), com a presença de nomes como o senador Sergio Moro e o ex-prefeito ACM Neto.

A confirmação pública ocorre em um contexto de busca por espaço em um cenário político fragmentado. Caiado tenta se posicionar como uma liderança moderada da direita, ocupando um vazio após ciclos de radicalização, com um discurso de ordem institucional e forte ligação ao agronegócio. No entanto, análises apontam que ele ainda não consolidou uma viabilidade eleitoral em nível nacional. Pesquisas citadas por analistas indicam que mais da metade do eleitorado brasileiro não tem opinião formada sobre ele, o que limita sua projeção em curto prazo.

Os pilares e os obstáculos da campanha

A estratégia de Caiado se apoia em alguns pilares principais, mas cada um deles é acompanhado por desafios significativos:

• Partido e Federação: A intenção declarada do governador é ser candidato pelo União Brasil (UB). Em novembro de 2024, o presidente nacional da legenda, Antônio Rueda, já o havia confirmado como pré-candidato, elogiando seus predicados. No entanto, há a perspectiva de uma federação com o Partido Progressistas (PP), chamada de "União Progressista". Caiado afirmou que essa federação ainda não está formalizada e que dialogar com todos os partidos é normal. Internamente, a costura é incerta, pois lideranças dos dois partidos tratam a candidatura de Caiado com cautela, condicionando o apoio definitivo a critérios de viabilidade eleitoral e capacidade de unificação.
• Projeto Político e Apoios: Seu discurso de campanha enfatiza a segurança pública, área que ele apresenta como um "case de sucesso" em Goiás. Apesar disso, sua gestão estadual também recebe críticas pontuais sobre o tema, além de gastos e execução de políticas sociais. Seu apoio político concentra-se em governadores do Centro-Oeste e Norte. A construção de alianças mais amplas esbarra na expectativa sobre o papel de Jair Bolsonaro. Parte do União Brasil e da direita ainda aguarda uma definição do ex-presidente, que está inelegível mas mantém influência.
• Cenário em Goiás: A base estadual, fundamental para qualquer candidato, também não está totalmente pacificada. Enquanto Caiado trabalha para que seu vice, Daniel Vilela (MDB), seja seu sucessor no governo, o Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, lançou a pré-candidatura do senador Wilder Morais ao governo estadual. A articulação local é complexa, envolvendo também a possibilidade de a primeira-dama Gracinha Caiado concorrer a uma vaga no Senado em 2026.

Desafios a superar

Para transcender seu eleitorado regional e se tornar um competidor nacional, Caiado precisará superar uma série de obstáculos interligados:

1. Visibilidade Nacional: O principal desafio é sair do anonimato para grande parte do eleitorado fora de sua região.
2. Unificação Partidária: Conquistar o apoio incondicional do União Brasil e, se for o caso, da federação com o PP, que ainda não o veem como candidato natural.
3. Concorrência na Direita: Diferencia-se em um campo onde outros nomes, como Ratinho Júnior (PSD), também são cotados, e onde a sombra de Bolsonaro permanece influente.
4. Questões Jurídicas: Embora tenha reafirmado sua candidatura recentemente, Caiado foi declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) em dezembro de 2024. O governador recorreu da decisão, classificando-a como "injusta e desproporcional". O desfecho desse processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é uma incógnita que paira sobre sua campanha.

Especialistas políticos resumem que Caiado se tornou um ator relevante no debate nacional, mas não é tratado como favorito ou decisivo. Sua trajetória recente o coloca em uma posição de observação, disputando espaço em um ambiente volátil e competindo pela definição do desenho final da centro-direita para 2026. A consolidação de sua pré-candidatura dependerá, portanto, não apenas de sua capacidade de articulação nos bastidores, mas também de conseguir transmitir sua proposta a um eleitorado que ainda não o conhece.

Com informações de: g1.globo.com, diariotocantinense.com.br, cnnbrasil.com.br, noticias.uol.com.br, poder360.com.br, gazetadopovo.com.br