Nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou publicamente sua pré-candidatura à Presidência da República para as eleições de 2026. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou ter sido designado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente cumpre pena de prisão. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", declarou o senador.

Contexto e Consequências Imediatas

A indicação ocorre em um momento de redefinição da oposição, já que Jair Bolsonaro está impedido de disputar eleições devido a condenações judiciais. A decisão, comunicada ao Partido Liberal (PL) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, redesenha o cenário eleitoral.

O anúncio foi seguido de reações imediatas no mercado financeiro. No mesmo dia, o dólar registrou alta de 2,3% e o Ibovespa, principal índice da bolsa, caiu 4,3%. Analistas associaram a movimentação à preocupação com a capacidade de Flávio Bolsonaro de formar alianças amplas, em contraste com a expectativa em torno de outros nomes, como o do governador Tarcísio.

Reações no Campo Político

As reações à escolha foram divergentes, evidenciando fissuras dentro da direita e do centrão:

• Apoio Familiar e da Cúpula do PL: O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, endossou a decisão: "Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura. Então, se Bolsonaro falou, está falado!". A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro também manifestaram apoio público.
• Descontentamento do Centrão: Líderes de partidos como União Brasil, PP, Republicanos e PSD receberam a notícia com insatisfação. Eles consideravam o governador Tarcísio de Freitas um nome com maior potencial de unificação e viabilidade eleitoral. Há avaliações de que esses grupos podem buscar uma "terceira via" ou uma chapa "puro-sangue" com outros governadores, como Ratinho Jr. (PSD-PR) ou Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).
• Críticas da Oposição: O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, interpretou a escolha como uma tentativa de Jair Bolsonaro evitar ser "esquecido na prisão", chamando uma eventual candidatura de Tarcísio de "beijo da morte para a família Bolsonaro". O ministro Guilherme Boulos ironizou o anúncio, lembrando um episódio em que Flávio passou mal durante um debate na campanha à prefeitura do Rio em 2016.

Perfil e Trajetória do Pré-Candidato

Flávio Nantes Bolsonaro, de 44 anos, é o filho mais velho do ex-presidente. Sua carreira política inclui:

1. Deputado Estadual (RJ): Eleito por quatro mandatos consecutivos, de 2003 a 2019.
2. Senador da República: Eleito em 2018 com 4,38 milhões de votos, tendo seu mandato até 2027. Atualmente, é titular de comissões como a de Segurança Pública (CSP) e a de Transparência e Governança (CTFC).
3. Candidatura Anterior: Disputou a prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, ficando em quarto lugar.

No Senado, ele recentemente atuou como relator das emendas da Comissão de Transparência (CTFC) ao Orçamento de 2026. Seu perfil é descrito por pares como mais político e com melhor trânsito na casa em comparação com seus irmãos.

Cenário Eleitoral e Desafios

Uma pesquisa AtlasIntel de novembro de 2025 projetou um possível cenário para 2026:

• No primeiro turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 47,3% das intenções de voto, enquanto Flávio Bolsonaro apareceria em segundo, com 23,1%.
• Flávio só lidera as intenções contra Lula em dois segmentos específicos: entre eleitores de 16 a 24 anos (31,3% contra 23,6%) e entre evangélicos (34,9% contra 27,1%).

Seu principal desafio será ampliar sua projeção nacional e unificar o espectro oposicionista, que agora contempla outros pré-candidatos de peso, como os governadores Ronaldo Caiado, Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr.. Parlamentares próximos a ele relatam que Flávio recebeu do pai a orientação para aumentar sua participação em eventos públicos pelo país.

Com informações de: BBC News Brasil, Gazeta do Povo, Valor Econômico, G1, Folha de S.Paulo, CartaCapital, Agência Senado ■