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Um terremoto geopolítico de proporções históricas está em curso, e seu epicentro é a aliança dos BRICS. Longe de ser um fórum meramente consultivo, o bloco transformou-se na principal arena de um contra-ataque estratégico à hegemonia do dólar norte-americano, com a Venezuela atuando como um cavalo de Tróia energético e geopolítico. Esta ofensiva multifacetada, combinada com uma aparente auto-sabotagem da política externa dos EUA, não é uma mera disputa comercial. É uma batalha existencial pelo controle do sistema financeiro global, com potencial real para corroer, de forma irreversível, os pilares do poder económico estadunidense.
A supremacia dos EUA no pós-guerra foi erguida sobre dois pilares indissociáveis: a moeda e a energia. O acordo do petrodólar com a Arábia Saudita em 1974 criou um ciclo perfeito: o mundo comprava petróleo em dólares, e os produtores reinvestiam esses dólares em títulos do Tesouro americano, financiando o déficit dos EUA e garantindo liquidez global à sua moeda. Este mecanismo transformou o dólar de uma moeda nacional em um ativo global público, permitindo a Washington um poder de vigilância e sanção sem precedentes por meio do controle de redes como a SWIFT. Contudo, este mesmo poder está semeando as sementes de sua própria destruição.
A resposta do BRICS é uma orquestrada campanha para construir sistemas paralelos e resilientes, reduzindo a dependência do dólar e das instituições ocidentais. Esta ofensiva se manifesta através de múltiplos vetores:
Paradoxalmente, a maior ameaça ao dólar pode não vir de seus adversários, mas da política econômica dos próprios Estados Unidos. A administração atual adotou uma postura de coerção econômica indiscriminada, tratando aliados históricos como vassalos. A imposição de tarifas de 40% sobre o Brasil por razões políticas internas e acordos comerciais humilhantes que forçam Japão e Coreia do Sul a investir centenas de bilhões nos EUA em troca de acesso ao mercado estão criando um ressentimento profundo. O economista Jeffrey Sachs diagnostica: "O mundo não está se fragmentando. Os EUA é que estão se isolando." Cada ameaça de tarifa, cada sanção extraterritorial, serve como um anúncio público para que nações de todo o espectro político acelerem seus planos de contingência e diversifiquem para longe do dólar.
O fim do dólar não será um evento apocalíptico em um dia, mas um processo de erosão lenta e irreversível. Os números já mostram a tendência: a participação do dólar nas reservas globais caiu de 71% em 1999 para cerca de 58% hoje. O objetivo do BRICS não é necessariamente substituir o dólar por uma nova moeda única — um projeto cheio de dificuldades —, mas reduzi-lo a mais uma entre várias opções em um sistema financeiro multipolar.
O impacto para os EUA, no entanto, seria devastador:
A entrada dos BRICS no Caribe por meio da Venezuela e a ofensiva financeira no Golfo não são eventos isolados. São movimentos coordenados em um tabuleiro geoeconômico global. A combinação letal de um contra-ataque sistemático do BRICS e uma política externa norte-americana que aliena parceiros está criando as condições para uma transformação histórica. A hegemonia do dólar, como a conhecemos, tem os dias contados. A questão que resta não é se ela terminará, mas quão rápido e quão desordenadamente este novo mundo multipolar irá nascer.
Com informações de: The White House, TV BRICS, Venezuela Analysis, Geopolitical Economy Report, Hudson Institute, Atlantic Council, The Cradle, Watcher.Guru, Sputnik Globe ■