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A escalada das tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, com o presidente Donald Trump ameaçando iniciar ataques contra alvos venezuelanos "em breve", coloca o Brasil em uma posição geopolítica delicada e complexa. Apesar do tom alarmista de algumas manchetes, não há registro de um anúncio formal de guerra na fronteira brasileira. O cenário real é de uma grave crise diplomática e militar que pode impactar diretamente o país, que compartilha mais de 2.200 km de fronteira com a Venezuela.
O governo brasileiro, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem atuado em duas frentes principais: buscar um diálogo direto com Washington para resolver disputas comerciais e tentar conter a escalada do conflito na região, posicionando-se como um mediador e defensor de soluções pacíficas.
Uma intervenção militar norte-americana ou um agravamento do conflito interno na Venezuela trariam consequências imediatas ao território brasileiro. Especialistas consultados por veículos de imprensa listam quatro áreas de principal preocupação:
Enquanto tenta gerenciar os riscos de uma crise externa, Lula busca normalizar a relação comercial com os Estados Unidos. Em uma conversa telefônica de 40 minutos com Donald Trump em 2 de dezembro, os presidentes discutiram a retirada das sobretaxas americanas sobre produtos brasileiros, como carne e café, e concordaram em cooperar no combate ao crime organizado internacional. Lula classificou o diálogo como "muito produtivo".
No entanto, fontes do governo indicam que Lula deseja ir além e discutir com Trump o fluxo ilegal de armas americanas para o Brasil, que abastecem facções criminosas. O tema foi abordado superficialmente na ligação, mas o Planalto quer expor o que considera uma "hipocrisia" dos EUA, que combatem o tráfico de drogas no Caribe, mas não controlam a exportação ilegal de armas.
Quanto à Venezuela, Lula defende uma saída "política e diplomática" e já se ofereceu como facilitador em uma eventual negociação. Esta posição, porém, é criticada pela oposição venezuelana e se complica pela histórica proximidade entre o PT e o governo de Nicolás Maduro, especialmente se houver uma mudança de regime em Caracas apoiada por Washington.
Paralelamente ao diálogo bilateral, o Brasil busca na plataforma dos BRICS um contrapeso e um espaço para projetar sua visão de mundo. Durante a cúpula do bloco no Rio de Janeiro em julho, Lula criticou as instituições financeiras tradicionais, afirmando que é "impossível stick to the old-fashioned financing practices" (manter as práticas de financiamento antiquadas) do FMI e do Banco Mundial.
Os principais objetivos do Brasil e do bloco incluem:
O bloco, que agora conta com 11 membros, expressou "séria preocupação" com o aumento de medidas tarifárias unilaterais — uma clara referência à política comercial de Trump — e se posicionou contra conflitos em diversas partes do mundo. Embora não seja uma aliança militar e não tenha sido "acionado" como força de intervenção, o BRICS serve como um importante instrumento diplomático para o Brasil navegar em um cenário internacional polarizado.
O momento exige do Brasil uma diplomacia de alto nível, capaz de conciliar a defesa intransigente da soberania e da paz na América do Sul com a necessidade prática de manter canais abertos com todas as potências em conflito. O sucesso ou fracasso dessa estratégia definirá não apenas o futuro regional, mas também o lugar do país no cenário global pós-crise.
Com informações de: Veja, G1, BBC News Brasil, Agência Senado, Agência Brasil, Gov.br Planalto, Stimson Center, Sputnik Globe, O Globo ■