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Venezuela intercepta e bombardeia avião não autorizado
Em meio a tensões com os EUA, Forças Armadas venezuelanas abatem aeronave suspeita no estado de Apure; governo Maduro afirma que ação faz parte da defesa da soberania nacional contra o narcotráfico
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 03/12/2025

As Forças Armadas da Venezuela anunciaram, nesta terça-feira (2), que interceptaram e atingiram uma aeronave que sobrevoava ilegalmente o espaço aéreo do país, no estado de Bolívar. A ação faz parte da Operação Escudo Bolivariano, que, segundo o governo de Nicolás Maduro, tem o objetivo de defender a soberania nacional.

De acordo com o comunicado militar, a aeronave interceptada apresentava uma série de irregularidades que justificaram a ação extrema:

  • Sobrevoo ilegal do espaço aéreo venezuelano;
  • Não transmissão de código de identificação;
  • Não resposta às chamadas de rádio do Controle de Tráfego Aéreo;
  • Ausência de plano de voo registrado.

O ataque ocorreu no município de Pedro Camejo, estado de Apure, região fronteiriça com a Colômbia. A informação foi divulgada pelo Comandante Operacional Estratégico das Forças Armadas, Domingo Hernández Lárez, em sua conta no Instagram. Em sua publicação, Lárez afirmou: "A Venezuela é uma terra de paz, direito e justiça; nosso território não será utilizado como plataforma para o tráfico de drogas. A soberania é exercida e deve ser respeitada".

Contexto de tensões geopolíticas

O incidente aéreo ocorre em um momento de elevada tensão diplomática e militar entre a Venezuela e os Estados Unidos. Recentemente, o governo venezuelano denunciou uma suposta incursão ilegal de um bombardeiro estratégico B-52H da Força Aérea dos Estados Unidos em seu espaço aéreo, alegando que a aeronave teria sobrevoado a Ilha de Margarita sem autorização, escoltada por dois caças F/A-18 Super Hornet.

Além disso, os Estados Unidos posicionaram o porta-aviões USS Gerald R. Ford e seu grupo de ataque no Caribe, numa demonstração de força que Caracas interpreta como uma ameaça direta. A tensão aumentou ainda mais com a decisão de Washington de classificar oficialmente o chamado "Cartel de los Soles" — supostamente ligado a integrantes das forças de segurança venezuelanas — como uma organização terrorista estrangeira.

Como retaliação a essas pressões, a Venezuela adotou uma série de medidas contra companhias aéreas internacionais:

  • Revogou as permissões de operação de seis empresas aéreas (Iberia, TAP, Avianca, LATAM, Gol e Turkish Airlines) após elas suspenderem voos para o país seguindo um alerta da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA).
  • Acusou as companhias aéreas de aderirem a "ações de estado terrorista promovidas pelo governo dos Estados Unidos".

Padrão de interceptações na região

Este não é um incidente isolado. Nos últimos meses, foi registrada uma série de interceptações de aeronaves suspeitas na região, indicando um aumento na atividade de tráfico aéreo ou uma intensificação da vigilância:

  • Outubro de 2025: A Venezuela anunciou a interceptação de três aviões usados para o narcotráfico, procedentes "do norte" e do Caribe. O presidente Maduro descreveu a ação afirmando: "Temos uma lei de interceptação [...] Pim, pum, pam! Dois aviões do narcotráfico".
  • Novembro de 2025: A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou um avião monomotor vindo da Venezuela que invadiu o espaço aéreo brasileiro sobre a Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O piloto ignorou tiros de aviso, pousou em uma pista clandestina e fugiu. A aeronave, com matrícula adulterada, foi posteriormente destruída pelas autoridades brasileiras.
  • Setembro de 2025: A FAB interceptou outro avião vindo da Venezuela, carregado com 380 kg de skunk (maconha de alta potência). O piloto jogou a aeronave em uma represa no Amazonas para escapar.

Declarações e posicionamento político

O presidente Nicolás Maduro tem feito declarações firmes em defesa da soberania venezuelana. Em um evento recente, prometeu "lealdade absoluta" ao país, declarando: "Tenham certeza de que, assim como jurei diante do corpo de nosso comandante [Hugo] Chávez [...] lealdade absoluta ao custo de minha própria vida e tranquilidade, juro a vocês lealdade absoluta até o além".

Maduro também reforçou a base de seu poder, afirmando que "o poder nacional da Venezuela do século XXI se baseia no imenso poder de seu povo, em sua consciência, em suas instituições, em seus fuzis e em sua decisão de construir esta pátria".

Do outro lado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou recentes condições apresentadas por Maduro para diálogo, afirmando que o líder venezuelano "poderia sair do país 'para onde quisesse'". Trump também alertou que operações terrestres para combater o narcotráfico poderiam começar "muito em breve".

Com informações de: CBN Globo, AeroTime, Facebook, Revista Oeste, G1, UOL, Al Jazeera, Folha BV, Folha UOL, Terra ■