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Trump e Maduro mantêm conversa telefônica em meio a tensão militar e acusações
Revelada pelo The New York Times, ligação abre uma frágil via diplomática que contrasta com o cenário de ameaças e operações navais dos EUA no Caribe
America do Sul
Foto: https://www.portaldoholanda.com.br/sites/default/files/imagecache/2020_noticia_fotogrande/portaldoholanda-rumpmaduro-1415227.jpg
■   Bernardo Cahue, 29/11/2025

Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Nicolás Maduro, da Venezuela, mantiveram uma conversa telefônica no último fim de semana, em um inesperado gesto de aproximação diplomática que ocorre no auge da tensão militar entre os dois países. A informação foi revelada pelo jornal The New York Times nesta sexta-feira (28) e confirmada por outras fontes.

De acordo com as publicações, o secretário de Estado americano, Marco Rubio – conhecido crítico do regime de Maduro – também participou da chamada. As partes discutiram a possibilidade de um encontro pessoal nos Estados Unidos, embora nenhuma reunião presencial tenha sido formalmente marcada até o momento.

Diplomacia e ameaças em paralelo

A abertura para o diálogo surge em um contexto de hostilidades sem precedentes. Os Estados Unidos mobilizaram um impressionante aparato militar na região do Caribe, incluindo o porta-aviões USS Gerald Ford, destroieres e caças F-35, sob a justificativa oficial de combater o narcotráfico.

Entretanto, autoridades americanas já admitiram, anonimamente, que o objetivo final da operação é a retirada de Maduro do poder. Em sintonia com essa postura, o Departamento de Estado estadunidense anunciou a classificação do chamado "Cartel de los Soles" – supostamente liderado pelo próprio Maduro – como uma organização terrorista estrangeira, o que, na teoria, daria base legal para ataques a alvos vinculados ao governo venezuelano em seu próprio território.

Histórico de tensão e tentativas de diálogo

A relação entre Washington e Caracas é marcada por decades de desconfiança. Em 2018, Maduro já havia publicamente desafiado Trump no Twitter, propondo um diálogo direto entre os dois líderes. Naquele mesmo ano, veio à tona que Trump havia questionado seus assessores sobre a viabilidade de uma invasão militar da Venezuela, ideia que foi rejeitada por seus conselheiros e por líderes regionais.

Mais recentemente, em outubro de 2025, Trump sinalizou pela primeira vez uma abertura, afirmando que "poderia haver discussões com Maduro". O mandatário venezuelano, por sua vez, respondeu na ocasião que só aceitaria um diálogo "face to face" (cara a cara), enfatizando que "atacar militarmente a Venezuela seria o fim político" de Trump.

Duas narrativas em confronto

O cenário atual é de duas realidades paralelas e contraditórias:

  • A ofensiva militar: Os EUA conduzem a operação "Lanza del Sur", que já resultou no bombardeio de mais de 20 embarcações e em pelo menos 83 mortos, acusadas de transportar drogas. Caracas classifica essas ações como "execuções extrajudiciais".
  • A frágil via diplomática: A conversa telefônica representa um canal de comunicação direto, sugerindo que, apesar da retórica belicista e das ações militares, ambos os lados mantêm abertas opções para uma solução negociada.

Enquanto isso, a Venezuela mobiliza suas forças armadas e a população civil para uma eventual defesa contra o que chama de "ameaça imperialista", pregando unidade e resistência. A conversa entre Trump e Maduro, portanto, acende uma pequena, porém significativa, luz no fim de um túnel marcado por acusações, ameaças e um iminente risco de conflito.

Com informações de G1, El País, Al Jazeera, NPR, OPEB, Confirmado.com.ar ■