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O governo peruano declarou estado de emergência na fronteira com o Chile nesta sexta-feira (28), uma medida preventiva que estará em vigor por 60 dias na região sul de Tacna e inclui o reforço militar para impedir a entrada de migrantes sem documentação válida. O anúncio foi feito pelo presidente José Jerí, que viajou para a região fronteiriça no domingo anterior.
A decisão ocorre em um contexto de crescente tensão migratória, impulsionada pela campanha eleitoral no Chile, onde o candidato de extrema-direita José Antonio Kast é o favorito para a presidência no segundo turno do dia 14 de dezembro. Kast construiu sua campanha em torno do combate à imigração irregular e prometeu expulsar do Chile mais de 330 mil imigrantes em situação irregular caso seja eleito.
A declaração de emergência peruana é uma resposta direta ao êxodo de migrantes – majoritariamente venezuelanos – que já começaram a deixar o Chile antecipando uma possível vitória de Kast. Em um vídeo de campanha filmado na própria fronteira, Kast emitiu um ultimato aos imigrantes: "Vocês têm 111 dias para deixar o Chile voluntariamente. Se não, vamos impedir-vos, vamos deter-vos, vamos expulsar-vos. Vocês sairão apenas com as roupas que têm no corpo".
O ministro da Segurança Pública do Chile, Luis Cordero, chegou a criticar a retórica da campanha, afirmando que "a retórica às vezes tem consequências" e que "as pessoas não podem ser usadas como meio para criar controvérsia nas eleições", destacando que o principal objetivo do governo atual é prevenir uma crise humanitária.
Nos últimos dias, imagens de famílias migrantes tentando cruzar do Chile para o Peru com seus pertences em mochilas e sacos de plástico circularam amplamente na mídia peruana. Um migrante venezuelano, em condição anônima, resumiu o temor geral: "Eles não querem deixar-nos entrar no Peru (…) temos medo que nos expulsem à força do Chile".
O general de polícia Arturo Valverde, chefe da região de Tacna, confirmou a intensificação da vigilância e explicou a postura do Peru: "É um problema que está surgindo com a chegada de muitos estrangeiros sem documentos que procuram entrar em nosso país. Os sem documentos ou aqueles que não têm passaporte e visto não podem entrar".
O segundo turno das eleições presidenciais chilenas, em 14 de dezembro, colocará frente a frente dois projetos políticos antagônicos:
A crise na fronteira Peru-Chile é um reflexo de um deslocamento populacional em grande escala. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 7,9 milhões de venezuelanos vivem fora de seu país, o que representa o segundo maior deslocamento do mundo. Desse total, estima-se que aproximadamente 700 mil venezuelanos residam no Chile e cerca de 1,5 milhão no Peru.
O fluxo de pessoas através das fronteiras da América Latina continua a ser um dos grandes desafios para os governos da região, oscilando entre políticas de acolhimento e medidas de restrição, frequentemente influenciadas pelo clima político interno de cada nação.
Com informações de: Terra.com.br, Agência Brasil, Grabois.org.br, CNN Brasil, Observador, Al Jazeera, G1, BBC ■