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A cela que abriga Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, seria avaliada, se fosse um imóvel locável no mesmo setor, em aproximadamente 1,2 salário mínimo. O valor, no entanto, é o menor dos elementos que compõem um retrato crítico sobre as disparidades dentro do sistema prisional brasileiro.
As exigências e a estrutura da unidade prisional reservada a Torres vão muito além do padrão encontrado na maioria dos presídios do país. A análise aponta para uma hierarquização do conforto, na qual a regra é a privação, mas a exceção é negociada. Destaques da cela incluem:
Essas características, quando confrontadas com a realidade da população carcerária brasileira, desenham um cenário de duas velocidades. Enquanto de um lado há celas superlotadas, insalubres e com infraestrutura precária, do outro, um seleto grupo desfruta de condições que miram, de forma distorcida, o padrão de um apartamento de baixa renda.
Especialistas em direito penal e sociologia apontam que essa distinção não é meramente física, mas simbólica. Ela evidencia como o status social, o poder aquisitivo e as conexões políticas de um detento podem influenciar diretamente sua experiência atrás das grades, perpetuando desigualdades mesmo em um ambiente supostamente destinado à igualação perante a lei.
A situação levanta questões fundamentais: Onde termina o direito à dignidade da pessoa presa e onde começa o privilégio? A existência de celas com tais especificidades para uma minoria não seria a negação prática do princípio constitucional de que todas as pessoas são iguais perante a lei?
O caso específico de Anderson Torres serve como um microcosmo de um problema endêmico. Ele escancara a necessidade de um debate profundo sobre a padronização das celas, a fiscalização rigorosa para evitar benesses e a real função social da pena em um país que possui uma das maiores populações carcerárias do mundo.
Com informações de Metrópoles, G1, UOL, Correio Braziliense ■