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Governo veta ressarcimento integral a eólicas e solares e evita impacto bilionário na conta de luz
Em meio à reforma do setor elétrico, presidente em exercício, Geraldo Alckmin, barra dispositivo que garantiria compensação por cortes de geração renovável, medida defendida pelo setor, mas criticada por seu potencial de elevar tarifas
Politica
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■   Bernardo Cahue, 25/11/2025

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, sancionou nesta terça-feira (25) a Lei 15.269, que moderniza o marco regulatório do setor elétrico, mas vetou um dos pontos mais polêmicos aprovados pelo Congresso Nacional: o ressarcimento integral dos cortes de geração de usinas eólicas e solares. A decisão, que acatou recomendações dos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda, impede que os consumidores arcassem com um custo adicional estimado em R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões.

O que foi vetado

O veto presidencial atingiu em cheio o artigo que garantia um ressarcimento amplo dos chamados curtailments – cortes de geração determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por questões de segurança ou congestionamento da rede. O dispositivo, inserido no texto por emenda do deputado Danilo Forte (União-CE), assegurava a compensação aos geradores independentemente da causa ou duração do corte, exceto em casos de sobreoferta exclusivamente renovável.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o veto foi essencial para proteger o bolso dos brasileiros. Segundo ele, a medida barrou um custo adicional de cerca de R$ 6 bilhões que seria repassado para as tarifas de energia. Outras estimativas, como a da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), apontavam para um impacto ainda maior, de até R$ 7 bilhões.

O debate por trás da decisão

O tema dividiu opiniões e gerou intenso debate técnico e político nas últimas semanas.

  • Críticos ao ressarcimento: O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, havia feito um alerta público sobre o risco de aumento das tarifas. Ele argumentava que a medida criaria uma distorção, garantindo receita a empresas mesmo sem gerar energia, estimulando investimentos desnecessários e onerando o consumidor. O relator original da MP, senador Eduardo Braga (MDB-AM), também era contrário, classificando a emenda aprovada na Câmara como um "ônus desnecessário ao sistema", uma vez que os investidores assumiram o risco do corte de forma consciente .
  • Defensores da compensação: Por outro lado, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) defendia a sanção integral do dispositivo. A entidade alertava que vetar o ressarcimento comprometeria a confiança dos investidores e a atratividade do Brasil para novos projetos de energia limpa, podendo significar, na prática, o fim dos investimentos em grandes usinas solares. A Absolar sustentava que a compensação não traria impactos tarifários, pois utilizaria recursos já existentes na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) .

Os demais vetos e o contexto da reforma

O veto ao ressarcimento do curtailment não foi o único. O governo também barrou outros trechos, incluindo um que tratava do cálculo de royalties do petróleo. A MP 1.304, no entanto, foi sancionada em sua maior parte e representa a revisão mais ampla das regras do setor elétrico em mais de uma década.

Entre as principais inovações que se mantêm estão:

  • Abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, incluindo residências, em um prazo de até três anos.
  • Criação de um marco regulatório para armazenamento de energia por baterias (BESS), com incentivos fiscais.
  • Estabelecimento de um teto para os gastos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que subsidia políticas setoriais.
  • Exclusão de uma cobrança de R$ 20 a cada 100 kWh sobre novos projetos de geração distribuída (como painéis solares em telhados).

A sanção com vetos encerra um capítulo importante da modernização do setor, equilibrando o estímulo aos investimentos em renováveis com o controle de custos para a população. A decisão final sobre o curtailment mostra a prioridade do governo em evitar pressões inflacionárias sobre a tarifa de energia.

Com informações de: Estadão, Megawhat, Folha, Valor, PV Magazine Brasil, Agência Câmara de Notícias, Times Brasil, G1, GC Notícias, Agência Senado ■