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A fuga bem-sucedida do deputado Alexandre Ramagem para os Estados Unidos, após ser condenado a 16 anos de prisão, acendeu um sinal de alerta no sistema de Justiça brasileiro. O episódio, ocorrido em novembro de 2025, não só valida os repetidos avisos do ministro Alexandre de Moraes sobre o risco de fuga de réus condenados na ação penal da trama golpista, como também impõe à Polícia Federal a complexa missão de monitorar de forma rigorosa os demais integrantes do "núcleo crucial". Enquanto Ramagem está foragido em Miami, o general Walter Braga Netto permanece preso, também por decisão de Moraes, que citou expressamente o "fundado receio de fuga" para manter a custódia do militar.
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e deputado federal, foi condenado pela Primeira Turma do STF a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Apesar das medidas cautelares que o proibiam de deixar o país e da entrega de seus passaportes, Ramagem deixou o Brasil de forma clandestina em setembro de 2025, pouco após a condenação.
As investigações da Polícia Federal indicam que o deputado utilizou uma rota terrestre pela fronteira norte para burlar a vigilância. Ele teria viajado de avião até Boa Vista, em Roraima, e de lá seguido de carro até cruzar a fronteira, possivelmente com a Venezuela ou a Guiana, para então embarcar com destino a Miami, nos Estados Unidos. Para encobrir o plano, Ramagem apresentou atestados médicos consecutivos à Câmara dos Deputados, chegando a participar de votações de forma remota enquanto já estava no exterior.
Diante da confirmação de sua localização em um condomínio de luxo em North Miami, o ministro Alexandre de Moraes decretou sua prisão preventiva e determinou a adoção de medidas para incluir seu nome na lista de difusão vermelha da Interpol, o que tornaria sua prisão possível em qualquer um dos 196 países-membros da organização.
Em nítido contraste com a evasão de Ramagem, a situação do general Walter Braga Netto ilustra a efetividade da prisão preventiva quando aplicada. Condenado a 26 anos de prisão pelos mesmos crimes do núcleo golpista, o general já cumpria prisão preventiva desde dezembro de 2024.
Em decisão de novembro de 2025, o ministro Alexandre de Moraes manteve a custódia de Braga Netto, fundamentando sua decisão explicitamente no "fundado receio de fuga do réu, como vem ocorrendo reiteradamente em situações análogas". A referência direta a casos como o de Ramagem demonstra que a fuga do deputado tornou-se um precedente operacional que legitima e fortalece o argumento da cautela extrema.
O sucesso inicial da fuga de Ramagem, mesmo sob medidas restritivas, transformou-se em um elemento central na avaliação de risco sobre os demais réus. Especialistas ouvidos pela imprensa avaliam que, embora juridicamente cada caso deva ser analisado de forma individual, o episódio tem um impacto subjetivo considerável.
O caso reforça a justificativa para o controle rigoroso que o ministro Alexandre de Moraes tem adotado e valida a preocupação da PF com o risco de evasão, que antes poderia ser visto como excessivo e agora se mostra uma precaução necessária. Diante desse cenário, a Polícia Federal se vê pressionada a:
A fuga de Alexandre Ramagem para Miami funcionou como um teste de estresse no sistema de monitoramento da Justiça brasileira para réus de alto perfil e alto risco. O resultado foi um fracasso. O episódio não apenas embaraçou as autoridades, como forneceu um roteiro para outros condenados que pretendem escapar da aplicação da lei penal.
Enquanto a prisão de Braga Netto representa o sucesso da medida cautelar mais severa, a situação de Ramagem é a materialização do pior cenário temido pelo Judiciário. Para a Polícia Federal, a lição é clara: o monitoramento dos cinco demais réus do núcleo crucial não pode ser apenas uma formalidade. Ele precisa ser incessante, proativo e dotado de recursos capazes de neutralizar tentativas de evasão que, agora, sabidamente, podem contar com planejamento sofisticado e execução audaciosa. O sistema já falhou uma vez com Ramagem; uma segunda falha, especialmente envolvendo uma figura de destaque como Bolsonaro, seria institucionalmente insustentável.
Com informações de: G1, O Globo, CNN Brasil, UOL, BBC, Agência Brasil, Veja ■