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Um plano ousado, elaborado por Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, teria garantido a ele cerca de 36% das ações do Banco de Brasília (BRB) e um assento no conselho de administração da instituição pública. O esquema, que contou com o conhecimento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e de sua vice, Celina Leão (PP), foi detalhado em documentos que estão sendo analisados pelo Banco Central (BC), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).
De acordo com as investigações, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi peça central no lobby que viabilizou as negociações entre Master e BRB. O parlamentar, que é presidente do PP, partido da vice-governadora Celina Leão, teria sido o responsável por "quebrar as resistências" do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e por colocar todas as partes à mesa.
A indicação do novo presidente do BRB, Nelson Souza, foi uma escolha pessoal do senador Ciro Nogueira, a pedido de Celina Leão. Essa não foi a primeira vez: tanto Paulo Henrique Costa quanto Celso Elói, seu substituto imediato por um curto período, também foram indicações do senador.
O caso abriu um polo de divergências dentro do próprio Banco Central. A diretoria de Fiscalização, comandada por Ailton de Aquino Santos, era alvo de críticas internas pela lentidão na apuração de processos investigatórios envolvendo o Master.
Em contrapartida, o diretor de Organização do Sistema Financeiro, Renato Gomes, sempre foi um crítico contundente dos métodos heterodoxos de Vorcaro e de seu sócio, Augusto Lima. Foi Gomes quem segurou o ímpeto da área de Fiscalização e, com o apoio do presidente do BC, Gabriel Galípolo, garantiu o aprofundamento das investigações que culminaram na operação Compliance Zero.
Com a liquidação do Master e as prisões, o conselho de administração do BRB elegeu um novo presidente. Nelson Souza, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal e ex-presidente do Banco do Nordeste, foi indicado para o cargo.
O esquema, no entanto, deixou um rastro de prejuízos. A decisão judicial que autorizou a operação da PF estima que as manobras irregulares possam ter gerado perdas superiores a R$ 10 bilhões para o banco público.
Com informações de Valor International, ICL Notícias, Bloomberg, Seu Dinheiro ■