A Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta quarta-feira (19), mandados de busca e apreensão em Lajeado (RS) como parte da Operação Rosa Branca, que investiga a criação e divulgação de imagens íntimas falsas de parlamentares federais, entre eles a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) . Os investigados são suspeitos de utilizar inteligência artificial para produzir os chamados deepnudes.

Além dos crimes contra a intimidade dos parlamentares, a operação apura apologia ao nazismo e racismo. Durante as diligências, os policiais apreenderam itens como revistas com Adolf Hitler na capa e livros sobre a história do nazismo.

Os detalhes da operação

• Local: Dois mandados de busca e apreensão e um de busca pessoal foram cumpridos no município de Lajeado, localizado a aproximadamente 120 km de Porto Alegre.
• Investigações: O inquérito teve início a partir de um procedimento da Polícia Legislativa do Senado Federal, que identificou postagens inadequadas em redes sociais envolvendo parlamentares.
• Conduta dos investigados: Segundo a PF, os perfis dos alvos nas redes sociais continham publicações com mensagens de "superioridade" racial, alusão ao nazismo e conteúdo racista.

Posicionamento da senadora

Em nota, a senadora Soraya Thronicke afirmou que não foi informada se figura entre as vítimas específicas desta operação, mas reafirmou que, ao longo de seu mandato, tem sido alvo recorrente de crimes dessa natureza. Ela declarou ter "plena confiança no trabalho da Polícia Federal" e ressaltou a necessidade de o Legislativo avançar na aprovação de leis mais rigorosas para combater crimes digitais, especialmente os de caráter sexual contra mulheres./p>

Contexto mais amplo de crimes similares

Casos de deepnudes e golpes usando imagens íntimas falsas não se restringem ao ambiente político:

• Mato Grosso: Na terça-feira (18), a Operação Falso Contato investigou um grupo do Rio Grande do Sul que usava IA para criar nudes falsos para aplicar golpes. Os criminosos se passavam por uma adolescente e, depois, por um policial para extorquir valores de até R$ 100 mil de suas vítimas.
• Escolas: Em Indaiatuba (SP), a Polícia Civil investiga a montagem e o compartilhamento de imagens pornográficas falsas de pelo menos 14 adolescentes de um colégio particular, com idades entre 13 e 18 anos. Um caso similar também foi registrado em Louisiana, nos Estados Unidos, onde um estudante foi acusado de compartilhar nudes falsos de colegas de classe criados por IA.

Especialistas apontam que, embora uma nova lei (Lei 15.123/25) tenha aumentado a pena para violência psicológica com uso de IA, os desafios para combater essa prática ainda são grandes, incluindo a dificuldade de responsabilizar os criadores e as plataformas que lucram com esse conteúdo. As vítimas desses crimes frequentemente enfrentam sérios danos à saúde mental, como depressão, transtornos de ansiedade e ideação suicida.

Com informações de G1, Agência Estado, CNN Brasil e Agência Pública■