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Novo ataque militar dos EUA no Pacífico deixa três mortos em embarcação
Operação faz parte da "Lança do Sul", campanha militar que já resultou em mais de 80 mortes no Caribe e Pacífico, segundo balanço das forças americanas
America do Sul
Foto: https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2025/11/ataque-pacifico-narcotrafico-eua.jpg?quality=50&strip=all
■   Bernardo Cahue, 17/11/2025

As forças dos Estados Unidos realizaram um novo ataque letal a uma embarcação no Oceano Pacífico no último sábado (15), elevando para 83 o número total de mortos em uma série de operações militares contra supostos barcos de narcotráfico iniciadas em setembro. De acordo com o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), três homens, descritos como "narcoterroristas", foram mortos a bordo da embarcação.

Em um comunicado divulgado no domingo (16) pela rede social X, o SOUTHCOM afirmou que a ação foi conduzida pela Força-Tarefa Conjunta Southern Spear (Lança do Sul, em português) e que "informações de inteligência confirmaram que a embarcação estava envolvida no contrabando de narcóticos, transitando por uma rota conhecida pelo transporte de drogas". O ataque ocorreu em águas internacionais.

Contexto da "Operação Lança do Sul"

Este é o 21º ataque do tipo desde que a mobilização militar foi intensificada em setembro . A campanha foi oficialmente batizada de Operação Lança do Sul pelo secretário de Defesa (ou "Guerra", conforme referido em alguns comunicados) dos EUA, Pete Hegseth, com o objetivo declarado de combater o "narcoterrorismo" e interromper o fluxo de drogas para os Estados Unidos. A operação conta com um significativo poderio militar, incluindo o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, que recentemente chegou ao Mar do Caribe para dar apoio às ações.

Crescentes Tensões com a Venezuela

Os ataques e o reforço militar norte-americano ocorrem em um contexto de forte tensão com a Venezuela. O governo dos EUA acusa o presidente Nicolás Maduro de liderar o Cartel de los Soles

Questionamentos e Perfil das Vítimas

As operações têm sido alvo de questionamentos por parte de organizações de direitos humanos, que as classificam como execuções extrajudiciais . Uma pesquisa de opinião nos EUA mostrou que apenas 29% da população americana apoia o uso de forças militares para matar suspeitos de tráfico sem processo judicial, enquanto 51% se opõem.

Além disso, uma reportagem da Associated Press trouxe um perfil das vítimas que contradiz a narrativa de que seriam todos "narcoterroristas" de alto escalão. O veículo identificou que entre os mortos estavam:

  • Um pescador que lutava para sobreviver com US$ 100 por mês e aceitou a viagem para tentar comprar um motor para seu próprio barco.
  • Homens que viviam em situação de pobreza na Península de Paria, em casas sem pintura e com infraestrutura precária, que embarcavam em viagens de contrabando ganhando cerca de US$ 500 por viagem.
  • Operários, um mototaxista e criminosos de baixo escalão, muitos deles em sua primeira ou segunda incursão no transporte de drogas.

Familiares das vítimas, que falaram sob anonimato por medo, expressaram indignação, argumentando que os homens deveriam ter sido detidos e submetidos a um julgamento justo, e não executados.

Cenário Regional e Próximos Passos

Enquanto a crise com a Venezuela se aprofunda, o presidente Donald Trump afirmou que "já tomou uma decisão" sobre novas ações em relação ao país, sem revelar detalhes. Autoridades da Casa Branca, sob anonimato, acreditam que o objetivo final da operação seria retirar Maduro do poder . Enquanto isso, a comunidade internacional observa com preocupação a escalada militar em uma região já afetada pela violência do narcotráfico.

Com informações de CNN Brasil, G1, sapo.pt, Euronews, Poder360, Swissinfo, O Globo ■