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Em um veredicto histórico que abala o cenário político de Bangladesh, a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina foi condenada à morte nesta segunda-feira (17) por crimes contra a humanidade. A sentença foi proferida pelo Tribunal de Crimes Internacionais de Bangladesh, um tribunal interno de crimes de guerra localizado na capital Daca.
O juiz Golam Mortuza Mozumder, que presidiu o tribunal de três juízes, declarou durante a leitura do veredicto: "Todos os elementos constitutivos de um crime contra a humanidade estão reunidos. Decidimos impor uma única pena, a pena de morte". O tribunal considerou Hasina culpada por ordenar uma violenta repressão a manifestações de estudantes no ano passado que terminou com mais de mil mortes .
Sheikh Hasina enfrentou cinco acusações principais relacionadas à repressão dos protestos, incluindo:
Os juízes afirmaram que estava "cristalino" que Hasina "expressou seu incitamento aos ativistas de seu partido... e, além disso, expressou que ordenou matar e eliminar os estudantes protestando".
Os eventos que levaram à condenação de Hasina remontam a julho e agosto de 2024, quando protestos estudantis eclodiram em Bangladesh. De acordo com um relatório das Nações Unidas, estima-se que até 1.400 pessoas podem ter sido mortas durante os protestos, a maioria por disparos das forças de segurança .
O relatório da ONU, publicado em fevereiro de 2025, concluiu que a resposta brutal foi uma "estratégia calculada e bem coordenada do antigo governo para manter o poder diante da oposição em massa". A investigação documentou que 12% a 13% dos mortos eram crianças e que as forças de segurança deliberadamente atiraram para matar manifestantes, incluindo incidentes de pessoas baleadas à queima-roupa.
Sheikh Hasina, que atualmente está no exílio na Índia após fugir de Bangladesh em agosto de 2024, não compareceu ao tribunal para o veredicto. Em resposta à condenação, ela afirmou que a sentença é enviesada e acusou haver motivação política por trás do julgamento .
A ex-premiê argumentou que "não teve acesso à ampla defesa" e que pretende "enfrentar meus acusadores em um tribunal adequado, onde as provas possam ser avaliadas e examinadas de forma justa" . Seu partido, a Liga Awami, já havia classificado o tribunal como ilegítimo, apesar de a própria Hasina tê-lo estabelecido em 2009 para investigar crimes da guerra de independência de 1971.
O veredicto ocorre a apenas alguns meses das eleições parlamentares previstas para fevereiro de 2026. O partido de Hasina, a Liga Awami, foi impedido de concorrer, e há temores de que a condenação possa desencadear nova onda de violência política no país.
O governo interino, liderado pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, que assumiu após a queda de Hasina, defende que os julgamentos são um passo essencial para restaurar a responsabilidade e reconstruir a confiança pública nas instituições democráticas do país.
Sheikh Hasina pode recorrer da sentença à Suprema Corte de Bangladesh. Seu filho, Sajeeb Wazed, já declarou que não recorreriam a menos que um governo democraticamente eleito assumisse o poder com a participação da Liga Awami.
Com informações de: The Guardian, G1, United Nations, Al Jazeera, Opera Mundi, CNN ■