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ONU pede ao Brasil mais segurança na COP30 e reclama do calor de Belém
Incidente com invasão na terça-feira deixou seguranças feridos e expôs falhas no perímetro; comissários da ONU também sofrem com as altas temperaturas e condições insuficientes do clima em Belém
America do Sul
Foto: https://www.otempo.com.br/adobe/dynamicmedia/deliver/dm-aid--280c2c51-077e-4d21-b498-cfc63463399c/pol-tica-governo-cop30-ter--desafios-de-implementa--o-do-acordo-de-paris-em-meio-a-impasses-globais-1762549336.jpg?quality=90&preferwebp=true&width=1200&height=630
■   Bernardo Cahue, 14/11/2025

A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou uma carta às autoridades brasileiras exigindo um plano urgente para reforçar a segurança e melhorar a infraestrutura da COP30, realizada em Belém. O pedido formal foi feito após um protesto que resultou em uma tentativa de invasão da área restrita do evento e na constatação de que os comissários internacionais não estão adaptados ao calor intenso da capital paraense.

O protesto que acionou o alerta

Na noite de terça-feira (11), um grupo de dezenas de manifestantes, incluindo indígenas e integrantes de movimentos sociais, conseguiu ultrapassar os portões e os sistemas de raio-X da entrada principal da Zona Azul – área administrada pela ONU onde ocorrem as negociações oficiais da conferência.

O confronto com a segurança resultou em ferimentos em quatro seguranças, dois deles com lesões leves. Imagens do incidente mostraram um corredor lotado e seguranças formando um cordão de isolamento para conter o avanço do grupo, que carregava bandeiras e faixas contra a exploração de petróleo. Um segurança chegou a ser removido por paramédicos com um ferimento na cabeça.

A carta da ONU e as críticas à segurança

Em resposta ao ocorrido, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, enviou uma carta ao governo brasileiro descrevendo uma série de vulnerabilidades. O documento cita especificamente:

  • Falha no posicionamento das autoridades de segurança nos pontos de entrada e saída.
  • Fragilidade do perímetro de segurança física, incluindo portas e portões de má qualidade que não puderam ser trancados.
  • Falha do país anfitrião em fornecer o número combinado de agentes de segurança para apoiar a operação.

Stiell classificou o incidente como uma "grave violação da estrutura de segurança estabelecida" e questionou se o Brasil estaria cumprindo suas obrigações como anfitrião.

Estrutura insuficiente e o calor de Belém

Para além da segurança, a carta da ONU também alertou para problemas críticos de infraestrutura que estão afetando os participantes da conferência. A falta de ar-condicionado em várias áreas do pavilhão foi um dos pontos destacados, em um contexto onde as altas temperaturas e a umidade de Belém têm sido um desafio para os comissários e delegados internacionais, muitos dos quais não estão adaptados ao clima local.

Outras deficiências apontadas incluíam filas excessivas para alimentação e goteiras em áreas como o Media Center, agravadas por chuvas.

Resposta das autoridades e novos protestos

Em nota, a Casa Civil afirmou que "todas as solicitações da ONU têm sido atendidas" e detalhou medidas tomadas em conjunto com o Departamento de Segurança da ONU (UNDSS). Entre elas estão o reposicionamento e ampliação do efetivo de força, a ampliação do espaço entre as Zonas Azul e Verde e o fortalecimento do perímetro com a instalação de novos gradis e barreiras metálicas.

O reforço foi colocado à prova já nesta sexta-feira (14), quando indígenas do povo Munduruku protestaram pacificamente e bloquearam a entrada principal da Zona Azul. Os participantes da COP30 tiveram que utilizar uma entrada alternativa para acessar o local. O ato visava exigir uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que institui o Plano Nacional de Hidrovias.

Com informações de: G1, CNN Brasil, Agência Brasil, BBC, UOL, Gazeta do Povo. ■