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Celac e UE rejeitam 'uso da força' no Caribe em declaração que evita menção direta aos EUA
Venezuela se desassocia do documento final em meio a tensões geopolíticas e críticas à militarização da região
Politica
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■   Bernardo Cahue, 12/11/2025

Em meio ao aumento da tensão militar no Caribe, países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE) adotaram uma declaração conjunta que rechaça o "uso da força", sem mencionar diretamente os Estados Unidos. O fato ocorreu durante a cúpula dos blocos, realizada em Santa Marta, na Colômbia, nos dias 9 e 10 de novembro de 2025.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que não compareceu ao encontro, divulgou uma carta dirigida aos líderes da Celac na qual fez um apelo por unidade e defesa conjunta da região. Em seu texto, Maduro foi contundente ao afirmar que a Venezuela "não aceita nem aceitará qualquer tutela" e acusou os EUA de, sob o pretexto da "luta contra o narcotráfico", tentarem impor a "velha Doutrina Monroe" para converter a América Latina em cenário de invasões e golpes. Ele conclamou os países a proclamarem a região como uma "zona de paz".

A declaração final da cúpula, no entanto, adotou um tom mais genérico. O documento, assinado por 58 das 60 nações presentes, afirma: "Reiteramos nossa oposição à ameaça ou uso da força e a qualquer ação que não esteja em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas". O texto aborda a "importância da segurança marítima e da estabilidade regional no Caribe", mas evita qualquer menção explícita aos bombardeios ordenados pelo governo Trump contra embarcações suspeitas, que já resultaram em cerca de 70 mortos.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, explicou a ausência de uma referência direta aos EUA: "É simples: não teríamos as assinaturas de alguns países [se os Estados Unidos fossem mencionados]. A diplomacia funciona assim".

Outros líderes latino-americanos também se manifestaram sobre o tema. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, presente no encontro, criticou as "velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais", sem citar nominalmente os EUA ou a Venezuela. Já o presidente anfitrião, Gustavo Petro, da Colômbia, classificou os ataques americanos como "execuções extrajudiciais".

Em uma reviravolta diplomática que surpreendeu observadores, a Venezuela, juntamente com a Nicarágua, decidiu não subscrever a declaração conjunta final. De acordo com a vice-presidente Kallas, a razão para a retirada venezuelana foram as críticas ao ponto 14 do documento, que condena a "guerra em curso contra a Ucrânia". Fontes diplomáticas citadas pela imprensa caracterizaram a decisão de Caracas como um "suicídio diplomático inexplicável", dado o momento de alta tensão com os Estados Unidos.

Com informações de Brasil de Fato, G1, El País, RFI, Nodal, SAPO, Swissinfo, teleSUR ■