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A Guerra Fria entre EUA e Venezuela
Ambos os lados se reforçam e preparam para o conflito: do lado dos EUA, a reativação de uma base abandonada há mais de 20 anos; do lado Venezuelano, mais de 8 milhões de pessoas mobilizadas
America do Sul
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ-l6bW6uaP1WxneehlZaelfaP0hn2_PkA3n0pDECP9YM0gLPhWTHjif3zNHML9FFhEMwU&usqp=CAU
■   Bernardo Cahue, 04/11/2025

Uma escalada militar sem precedentes no Caribe coloca os Estados Unidos e a Venezuela em rota de colisão, em uma crise que remonta aos tempos da Guerra Fria, mas com desdobramentos modernos e consequências imprevisíveis para toda a América Latina.

Preparação para o Confronto

O governo Trump está revitalizando a base naval de Roosevelt Roads, em Porto Rico, que estava abandonada há mais de 20 anos. Imagens de satélite mostram construções e reformas, com equipes limpando e repavimentando pistas de pouso. A base, que era uma das maiores dos EUA no mundo, ocupa uma posição estratégica a cerca de 800 quilômetros da Venezuela e oferece amplo espaço para armazenamento de equipamentos, indicando preparativos para operações de longo prazo.

Além disso, o envio do grupo de ataque do porta-aviões USS Gerald R. Ford para o Caribe representa o maior reforço militar na região não relacionado a operações humanitárias desde 1994. No total, a presença militar americana na área chega a aproximadamente 16.000 tropas. Especialistas afirmam que o único uso plausível para um porta-aviões nesse contexto é atacar alvos em terra, o que sugere que os EUA têm capacidade para "sobrepujar as defesas aéreas da Venezuela, tirar do ar a Força Aérea e a Marinha e potencialmente decapitar o governo".

O Povo Venezuelano se Mobiliza

Em resposta à ameaça, o presidente Nicolás Maduro convocou a "primeira ativação" da Milícia Bolivariana, um corpo de reservistas criado em 2005. Segundo ele, 8,2 milhões de venezuelanos se inscreveram na milícia, um número que amplifica drasticamente a gravidade de um possível confronto. Maduro afirmou que o alistamento agora será permanente, demonstrando a preparação do país para uma defesa integral do território.

A Milícia Bolivariana, que faz parte das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, funciona como uma força de luz infantaria e reserva. Sua missão inclui a defesa interna, a segurança de instalações governamentais e o estabelecimento de um vínculo permanente entre as forças armadas e o povo venezuelano. Com um contingente que pretende chegar a milhões, a milícia representaria um desafio formidável em qualquer cenário de conflito prolongado.

A Voz do Brasil: "Zona de Paz"

Diante da crescente polarização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou de forma crítica, defendendo que a América Latina é uma "Zona de Paz". Em discurso no Palácio do Itamaraty durante a cerimônia de entrega de credenciais a embaixadores, Lula afirmou que "intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que se pretende evitar".

O presidente brasileiro defendeu publicamente o direito à autodeterminação do povo venezuelano, declarando: "O que defendemos é que o povo venezuelano é o senhor de seu destino, e não é qualquer presidente de outro país que tem que dar conselhos sobre o que a Venezuela ou Cuba serão". Suas declarações refletem a preocupação de líderes regionais com a instabilidade gerada pela crise.

Uma Estratégia de Pressão Máxima

Analistas internacionais acreditam que o objetivo imediato da administração Trump não é necessariamente uma invasão em grande escala, mas uma campanha de pressão para forçar uma mudança no regime de Caracas. A estratégia parece ser "sacudir as elites próximas a Maduro" na esperança de que elas próprias forcem sua saída do poder, seja convidando-o para o exílio ou extraditando-o para os Estados Unidos.

Desde o início de setembro, os Estados Unidos realizaram pelo menos 14 ataques contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico no Caribe e no Pacífico, matando dezenas de pessoas. O governo Trump designou cartéis de drogas latino-americanos como organizações terroristas e acusou Maduro de chefiar o "Cartel de Los Soles", dobrando a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões.

Enquanto isso, Maduro busca apoio de aliados como Rússia e China. O Kremlin anunciou que está "monitorando de perto a situação na Venezuela", e a Duma russa recentemente ratificou um tratado de parceria estratégica com o país, em um claro sinal de apoio em meio ao que descrevem como "pressão militar direta e sem precedentes" dos EUA.

Com informações de: G1, POLITICO, The Atlantic, KRDO, Peoples Dispatch, GlobalSecurity.org, ZeroHedge. ■