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Brasil e México: acordo comercial em negociação
Líderes dos dois países definiram cronograma para ampliar a parceria bilateral de cooperação econômica, com conversas avançando em setores como etanol, saúde e agronegócio
Politica
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■   Bernardo Cahue, 02/11/2025

Brasil e México estão fortalecendo sua aliança estratégica com um ambicioso plano para concluir um novo acordo comercial, visando aprofundar a integração econômica e social entre as duas maiores potências da América Latina. O movimento, impulsionado por uma série de reuniões de alto nível, busca atualizar regras comerciais que têm mais de 20 anos e explorar o vasto potencial inexplorado entre os países.

O compromisso político foi reafirmado em um telefonema na sexta-feira (31) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do México, Claudia Sheinbaum. Durante a conversa, Lula reafirmou a disposição de concluir o novo acordo comercial, uma pauta que vem sendo construída desde o ano passado.

Os alicerces dessa nova fase foram lançados durante uma missão brasileira chefiada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ao México, em agosto de 2025. Na ocasião, foi estabelecido um cronograma de 12 meses para as negociações, com previsão de conclusão em julho de 2026. Os principais acordos em revisão são:

  • ACE-53: Abrange cerca de 800 linhas tarifárias de produtos não automotivos, mas cobre apenas 12% do fluxo comercial bilateral, considerado uma cobertura pequena.
  • ACE-55: Trata especificamente do setor de produtos automotivos.

Além da agenda comercial, a presidente Sheinbaum expressou interesse em duas frentes específicas de cooperação com o Brasil:

  1. Produção de Etanol: Solicitação de cooperação técnica brasileira para impulsionar a produção interna mexicana e atender à sua demanda crescente.
  2. Programas Sociais: Interesse em conhecer e implementar programas de combate à fome e à pobreza, inspirados em modelos brasileiros.

Os entendimentos já começaram a render frutos em setores estratégicos, com a assinatura de memorandos de entendimento durante a missão de Alckmin :

  • Saúde: Parceria entre a Fiocruz e o governo mexicano para pesquisa e desenvolvimento de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro, além da modernização de processos regulatórios entre Anvisa e Cofepris.
  • Biocombustíveis: Cooperação para transferir a expertise brasileira em etanol de cana-de-açúcar e impulsionar o setor no México.
  • Agronegócio: Acordo com validade de cinco anos para cooperar em produção sustentável, soberania alimentar, sanidade animal e rastreabilidade da carne bovina.
  • Promoção Comercial: Memorando entre a ApexBrasil e a Secretaria de Economia do México para promover intercâmbio de bens, serviços e investimentos, criando sinergia entre o plano "Nova Indústria Brasil" e o "Plano México".

O comércio bilateral entre Brasil e México alcançou US$ 13,6 bilhões em 2024, um patamar considerado aquém do potencial das duas economias, que juntas respondem por 70% das exportações totais da América Latina. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que um acordo abrangente poderia adicionar US$ 13,8 bilhões ao PIB conjunto e ampliar o comércio em US$ 3,2 bilhões. Lula e Sheinbaum celebraram o "bom momento" nas relações e concordaram em se reunir pessoalmente assim que for possível, consolidando um eixo de cooperação mais robusto no continente.

Com informações de: Agência Gov, Reuters, UOL, Valor Econômico, O Globo, Diário do Comércio, ApexBrasil, ABFA. ■